Janaina Garcia
Do UOL, em São Paulo
A sensação de insegurança do paulistano piorou no ano passado em relação a 2011, revela pesquisa do instituto Ibope Inteligência encomendada pela Rede Nossa São Paulo divulgada nesta quinta-feira (17). Um dado do levantamento, no entanto, chamou a atenção dos organizadores: em 2012, o percentual de moradores que afirmam ter medo de sair de suas casas à noite mais que dobrou –atingiu os 41%, diante dos 20% do ano anterior.
A pesquisa está na sexta edição e define o Índice de Referência de bem-estar no município (Irbem) a partir da percepção do cidadão a itens objetivos –como educação, segurança, saúde e habitação, por exemplo –e subjetivos –como relações humanas, tecnologia da informação e religião. Em uma escala de um a dez, em que o mínimo equivale a "totalmente insatisfeito" e, o máximo, a "totalmente satisfeito", o Irbem de 2012 ficou em 4.7 –o menor em quatro anos, desde que começou a ser aferido, e abaixo da média de 5.5.
Segundo a diretora-executiva do Ibope, Márcia Cavallari, praticamente todos os 169 itens que compõem o Irbem tiveram queda na avaliação em relação a 2011, mas as variações negativas individuais, na estratificação de cada um deles, foram mais fortes na segurança.
"Chama a atenção ver que 20% dos entrevistados dizem ter medo de sair de casa em um ano e, no seguinte, e esse percentual pular para 41%", disse a executiva, lembrando que 2012 foi marcado pelas chacinas em regiões periféricas, assassinatos de policiais e arrastões em restaurantes de todas as regiões da cidade –sobretudo nas zonas oeste e sul. "A sensação de segurança acaba sendo o pano de fundo para avaliação da percepção de outros itens", constatou.
O Irbem deverá servir de apoio ao Plano de Metas de gestão que o prefeito Fernando Haddad (PT) encaminhará à Câmara Municipal até 90 dias depois de sua posse.
Hoje, na solenidade em que os números foram apresentados, Haddad recebeu também um manifesto contra a violência que reúne 2.000 assinaturas de cidadãos paulistanos. Denominado "Eliminando a violência na raiz de suas causas", o documento, lido por Caci Amaral, integrante do Grupo de Trabalho Democracia Participativa, será entregue também ao governador Geraldo Alckmin e ao ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, nos próximos dias.
Além da Rede Nossa São Paulo, a iniciativa é também da Arquidiocese de São Paulo, do Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social, do Instituto São Paulo contra a Violência e da Sociedade Santos Mártires.
Após o evento, Haddad afirmou, em entrevista coletiva, que o combate à violência não se refere apenas à falta de acesso a serviços e equipamentos públicos, um dos pontos defendidos pelos autores do manifesto ao longo dele.
"Falta de policiamento mais ostensivo, de uma polícia comunitária mais próxima do cidadão e de policiamento noturno, que não temos ostensivamente, também é necessário", defendeu o petista, que afirmou que colocará a Guarda Civil Metropolitana " à disposição do governador para auxiliar" no combate à violência.
Outra ação que o prefeito afirma já estar sendo tomada é o aumento do controle de contratos de serviços que influenciam também nos indicativos de segurança. "É o caso do contrato de iluminação, por exemplo: o valor dele subiu, mas nem por isso a sensação de segurança da população melhorou", disse. "Precisamos atuar na gestão desses contratos."
Haddad e Alckmin se reúnem na próxima terça-feira (22) para discutir as parcerias entre os dois governos. A primeira ação nesse sentido deverá ser na área da educação, com a construção de creches –área onde há uma carência atualmente de mais de 170 mil vagas apenas na capital paulista.