Nossa São Paulo. Em um ano, percentual subiu de 20% para 41%. Nove em cada 10 acham que cidade é insegura, diz pesquisa
O paulistano está cada vez mais insatisfeito e inseguro na cidade. Pesquisa divulgada ontem pela ONG Nossa São Paulo revela que a porcentagem de pessoas que têm medo de sair à noite subiu de 20%, em 2011, para 41%, no ano passado.
Além disso, 91% acham que São Paulo é pouco ou nada segura. O grau de satisfação com a metrópole também caiu: em uma escala de 1 a 10, o índice de 2012 foi de 4.7, o menor desde 2008, quando o estudo começou a ser divulgado (veja quadro). Prova desta insatisfação é que a maioria (56%) dos paulistanos deixariam de viver na cidade, se pudesse. E 8 em cada 10 dizem estarinsatisfeitos com a qualidade de vida na cidade.
Dos 169 itens pesquisados, 28 receberam notas acima da média (5,5). Entre os poucos que obtiveram melhora no último ano foram: punição à corrupção,aumento de ciclovias e respeito ao pedestre;
Para o coordenador da Nossa São Paulo, Maurício Broinizini Pereira, os dados mostram que há um “recrudescimento da violência”.
O item seguranca foi o que apresentou a maior queda na avaliação. De 2011 para o ano passado, a nota caiu de 3,9 para 3.
O maior grau de satisfaçao é com relações humans (6,5). A nota mais baixa na pesquisa foi atribuída ao item honestidade dos governantes, com nota 2,9.
Serviços Públicos
O levantamento, realizado pelo Ibope, mostra que a qualidade dos serviços públicos prestados à população também é alvo de reclamação. A infraestrutura do sistema de saúde pública levou 4,8, ante 5,1 em 2011.Na educação, a população deu nota 4,8 para as políticas públicas para a àrea. Em 2011, a nora era 5 em 2011. A avaliação do transporte público também piorou: de 4,3 para 4.
A Nossa São Paulo entregou um documento com metas para melhorias em diversas áreas ao prefeito Fernando Haddad, que participou do evento. Até 30 de março, Haddad precisa encaminhar seu plano de metas à Câmara Municipal.
Câmara é instituição menos confiável
A pesquisa mostra que o paulistano confia pouco nos políticos e na polícia. Dos 1.512 entrevistados pelo Ibope, 69% afirmam não confiar na Câmara Municipal, o pior índice entre 26 instituições. Apenas 11% disseram que o trabalho realizado pelos vereadores é ótimo ou bom.
A seguir, na lista das instituições mais mal avaliadas, aparece o TCM (Tribunal de Contas do Município), com 64%. Depois aparecem as polícias, Civil e Militar, com 60%. Para 59%, a Prefeitura também não é confiável.
Entre os mais confiáveis estão o Corpo de Bombeiros (88%), Correios (86%), Metrô (77%), Sabesp (76%) e Procon (74%).
Das 26 instituições avaliadas, 15 tiveram índice de confiança acima de 50%.
Em entrevista após a apresentação da pesquisa, o prefeito Fernando Haddad admitiu que há muita morosidade dos procedimentos da administração pública e na tomada de ações.
Haddad quer atuação de PMs da Operação Delegada à noite
O prefeito Fernando Hadad disse que, na revisão do contrato da Operação Delegada, vai pedir o aumento do contingente dos PMs que trabalham no período noturno.
No chamado “bico oficial”, policiais são contratados pelo município para prestar serviços de segurança nos horários de folga. Hoje, eles atuam mais no combate aos camelôs. Haddad pretende que os policiais também atuem em outros serviços, como fiscalização de barulho e bares irregulares.
Para Haddad, os números da pesquisa tem relação com a falta de acesso a serviços públicos. “É um diagnóstico clássico. Você não tem acolhimento da população com equipamentos públicos, e isso gera violência.”
O prefeito disse, ainda, que falta policiamento mais ostensivo, além de uma polícia mais próxima da comunidade.
Ele disse que vai se encontrar com o governador Geraldo Alckmin (PSDB) na próxima terça-feira, e que vai colocar disposição os serviços da GCM (Guarda Civil Metropolitana). Os dois também devem tratar de temas como a verba repassada pela prefeitura ao metrô e a internação compulsória de dependentes químicos, previstas para começar na segunda.
Ele também prometeu aumentar o controle sobre o contrato de iluminação pública. “O valor subiu, mas a população não tem sentido melhora nos serviços”.
Com relação ao grau de insatisfação do paulistano com a cidade, detectada pela pesquisa, Haddad disse que o Orçamento de São Paulo é insuficiente, mas que irá se esforçar para atender as demandas da cidade. “No Orçamento não tem nenhum espaço para investimento. Mas vamos usar todas as estratégias, como parcerias com o governo federal e com a iniciativa privadas”.