Aumento de 15% no Estado interrompeu 2 anos seguidos de queda e foi puxado pelos índices da cidade de São Paulo
Quase todos os crimes tiveram alta, entre eles estupro (24%) e latrocínio (8%); roubo a banco caiu 12%
AFONSO BENITES DE SÃO PAULO
O Estado de São Paulo registrou uma alta de 15% nos índices de homicídios no ano passado em relação a 2011.
De janeiro a dezembro, ocorreram 4.833 casos, com 5.206 vítimas -em uma ocorrência pode haver mais de um morto. O aumento foi puxado pela capital, que teve 1.368 casos, com 1.497 vítimas -34% a mais que 2011.
Com esse incremento, São Paulo atingiu a taxa de 11,5 casos por 100 mil habitantes e se distanciou de sua meta: ter índice inferior a 10. Ainda assim, tem uma das menores taxas do país.
O aumento também fez com que São Paulo interrompesse dois anos seguidos de quedas nos índices de assassinatos e atingiu a maior taxa desde 2007, quando foram registrados de 11,89 casos por 100 mil habitantes.
Os dados divulgados ontem pela Secretaria da Segurança Pública mostram que houve aumento dos homicídios em 8 dos 12 meses de 2012.
A intensificação dos crimes ocorreu no último trimestre e foi puxado pela capital. Nesse período, a cidade registrou 450 dos 1.502 casos de homicídios de todo o Estado.
Em novembro, quando o governo identificou que os índices não se revertiam, o governador Geraldo Alckmin (PSDB) substituiu o secretário Antonio Ferreira Pinto por Fernando Grella Vieira.
OUTROS CRIMES
Quase todos os crimes apresentaram alta no ano passado no Estado. As maiores foram nos casos de estupro (24%), roubo de veículos (10%) e roubo seguido de morte (8%). Roubo e furto ficaram estáveis, enquanto roubo a banco teve uma queda de 12%.
Para a diretora da ONG Instituto Sou da Paz, Melina Risso, a alta da criminalidade mostra que o governo estava adotando uma "política de segurança equivocada".
"Houve um período com alta violência policial e baixo investimento na inteligência. Com a troca de secretário, isso parece estar mudando", disse. "Violência não pode ser combatida com mais violência."
Ontem, a secretaria informou que nenhum representante da pasta iria comentar os dados. Em outras ocasiões o secretário Grella e o comandante-geral da PM, o coronel Benedito Meira, afirmaram que o ano de 2012 foi atípico.
À Folha, no início do mês, Meira disse que a crise ocorreu em razão das mortes dos policiais militares. Mais de cem PMs da ativa e da reserva foram mortos em 2012.
Para o coronel Meira, "houve uma articulação entre criminosos" em razão da ação efetiva da polícia.
O ano passado também registrou alta nos casos de mortos em supostos confrontos com policiais militares. Conforme os dados, 547 pessoas morreram nessa situação em 2012. No ano anterior, tinham sido 438. Diferença de 25%.