Coleta seletiva atinge apenas 6,4% do potencial da cidade São Paulo

Estudo estima que o potencial de materiais recicláveis secos na capital paulista é de 3.003 toneladas/dia. Atualmente, 193 toneladas são coletadas, enquanto as outras 2.810 vão para aterros

Airton Goes airton@isps.org.br

A Rede de Articulação Coleta Seletiva do Butantã divulgou estudo em que o potencial de coleta seletiva de materiais secos recicláveis da cidade de São Paulo é estimado em 3.003 toneladas por dia. O mesmo documento informa, entretanto, que atualmente a prefeitura paulistana coleta apenas 193 toneladas, ou seja, 6,4% do total. As outras 2.810 toneladas (93,6%) são descartadas diariamente em aterros.

“Com base nos dados, podemos considerar que a fração de resíduos secos destinados à coleta seletiva ainda é irrisória no Município de São Paulo, o que acentua de forma negativa os impactos ambientais e financeiros no sistema de coleta de resíduos”, afirma o estudo.

Segundo Luciana Lopes, coordenadora do Programa de Resíduos Sólidos do Instituto de Pesquisas Sócio Ambientais – IPESA e integrante da Rede de Articulação Coleta Seletiva do Butantã, a avaliação do potencial da cidade foi feita com base nos parâmetros estabelecidos no nível federal. “Não existe um parâmetro definido para o município de São Paulo”, explica.

Pelo parâmetro utilizado, cerca de 31% dos resíduos coletados nos domicílios são de materiais secos que poderiam ser reciclados. Como a capital paulista coleta diariamente 9.690 toneladas de resíduos, o potencial de coleta seletiva (31%) representa 3.003 toneladas.

Luciana, que integra também o Grupo de Trabalho (GT) Meio Ambiente da Rede Nossa São Paulo, avalia que para ampliar a coleta seletiva na cidade é preciso enfrentar três “gargalos”: logística de recolhimento, central de triagem e população consciente. “São Paulo tem problemas nos três vértices da pirâmide”, considera.

Ela destaca que a coleta seletiva não atende toda a cidade, faltam centrais de triagem e a população precisa ser sensibilizada. “Para sensibilizar as pessoas, é preciso fazer mais do que campanha de mídia. Tem que dialogar e envolver a comunidade”, argumenta.

Crítica do Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos de São Paulo, Luciana defende sua revisão, com maior participação da sociedade, inclusive, na elaboração dos planos de gerenciamento de coleta seletiva (que ainda não foram concluídos).

O estudo da Rede de Articulação Coleta Seletiva do Butantã faz uma análise detalhada da coleta seletiva do distrito em que o coletivo atua.

De acordo com os dados, no Butantã, o percentual de material recolhido por meio de coleta seletiva comparado ao potencial do distrito, de 6,1%, é pouco inferior ao conjunto da cidade.

Na região, o potencial de coleta seletiva é de 114 toneladas por dia. Porém, apenas sete toneladas são coletadas atualmente. A Rede atua para ampliar esse número.

Confira aqui o estudo na íntegra.

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