“Hospitais têm 1 a cada 7 leitos sem uso, diz Prefeitura de SP”, Folha de S.Paulo

TALITA BEDINELLI
DE SÃO PAULO
Um em cada sete leitos de hospitais administrados pela Prefeitura de São Paulo está sem uso atualmente por falta de médicos, afirma o secretário da Saúde José de Filippi Júnior.

Segundo ele, dos 1.656 leitos operados pelo município, 233 estão ociosos –30 deles em UTIs pediátricas, que são investigados pelo Ministério Público devido a falta de uso.

Os dados são dos dez hospitais da rede administrados diretamente pela prefeitura e excluem os seis geridos por OSs (Organizações Sociais).

"Hoje, temos quase um hospital inteiro, de 250 leitos, sem operar na cidade", afirmou.

A gestão anterior não contesta esse número, mas afirma que ampliou a quantidade de médicos.

A crítica é mais uma entre as muitas que Fernando Haddad (PT) e seus assessores diretos têm feito à gestão anterior, de Gilberto Kassab (PSD).

Segundo o secretário, a ociosidade dos leitos é reflexo da falta de médicos na rede –atualmente, segundo ele, apenas 41% dos cargos estão preenchidos.

Das 4.400 vagas disponíveis, 2.600 estão livres, afirma Filippi Junior.

"O salário base de um médico da prefeitura é de R$ 2.500 para 20 horas por semana. Um plantonista de 12h em uma OS ganha R$ 1.300. O salário está defasado", diz.

As OSs podem escolher o salário que pretendem pagar.

Ele afirma que uma das prioridades da gestão Haddad será construir um plano de carreira para médicos.

O secretário também afirmou que, em dois meses, o número de pessoas que aguardam na fila de espera para consultas, exames e cirurgias na rede aumentou 21%.

No mês passado, a Folha publicou dados inéditos mostrando 660.840 pedidos na fila de espera em outubro de 2012. Em dezembro, segundo a prefeitura, o número saltou para mais de 800 mil.

Ontem, Filippi Júnior creditou parte dessa fila ao absenteísmo (falta dos pacientes às consultas) e disse que a gestão Haddad passou a ligar para todas as pessoas agendadas e verificar se elas ainda compareceriam.

As ligações começaram a ser feitas há uma semana e chegam a 11 mil por dia.

Outra solução para o problema, segundo ele, será a implementação da Rede Hora Certa, principal promessa de Haddad na campanha.

A rede será composta por ambulatórios capazes de fazer também exames complementares e pequenas cirurgias, dispensando a necessidade de marcar os procedimentos posteriormente.

Ele afirma que até agosto cinco dessas unidades serão implementadas.

A secretaria, no entanto, falou que não seria possível informar qual será o custo disso e nem de onde sairá o dinheiro, já que ele não está previsto na dotação orçamentária aprovada na Câmara.

Ela afirmou que está fazendo a avaliação dos custos no momento para depois deslocar a verba de outro projeto.


Gestão kassab
Em nota, o ex-secretário Januario Montone afirmou que ampliou a rede municipal de saúde de 545 para 945 unidades, construiu três hospitais e aumentou a quantidade de médicos contratados em 67,3% em toda a rede de saúde em São Paulo.
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