Perda acontece em função de sistemas ineficientes usados pelas companhias, segundo estudo realizado pela IBM.
Por Redação
Um estudo preparado pela IBM, divulgado em primeira mão pela Dinheiro Online nesta sexta-feira 22 de março, Dia Mundial da Água, mostra que bilhões de litros de água são desperdiçados diariamente, o que é motivado pelo uso de sistemas ineficientes por parte empresas.
O recurso natural é essencial para a vida, e também para os negócios. Segundo o estudo da empresa de tecnologia, metade dos leitos de hospital no mundo é ocupada por pessoas que foram afetadas por alguma doença relacionada à água. Países e regiões veem suas economias fortemente afetadas pela má distribuição do recurso.
Mais da metade do rendimento das empresas de água são oriundos da prestação de serviço para outras áreas. Segundo a IBM, são necessários 10 litros de água para fazer uma folha de papel e 15 mil litros para um dia de operações em uma fábrica de microchips.
A cada 15 segundos, uma criança morre de doenças relacionadas à falta de água potável, de saneamento e de condições de higiene no mundo, segundo o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef).
Situação mundial
Todos os anos, 3,5 milhões de pessoas morrem no planeta em função de problemas relacionados ao fornecimento inadequado da água, à falta de saneamento e à ausência de políticas de higiene, segundo representantes de outros 28 organismos das Nações Unidas, que integram a ONU-Água.
No Relatório sobre o Desenvolvimento dos Recursos Hídricos, documento que a ONU-Água divulgado a cada três anos, os pesquisadores destacam que quase 10% das doenças registradas no planeta poderiam ser evitadas se os governos investissem mais em acesso à água, medidas de higiene e saneamento básico.
As doenças diarreicas poderiam ser praticamente eliminadas se houvesse esse esforço, principalmente nos países em desenvolvimento, segundo o levantamento. Esse tipo de doença, geralmente relacionado à ingestão de água contaminada, mata 1,5 milhão de pessoas anualmente.
No Brasil, dados do Ministério das Cidades e do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento Básico, mostram que, até 2010, 81% da população tinha acesso à água tratada e apenas 46% dos brasileiros contavam com coleta de esgotos. Do total de esgoto gerado no país, apenas 38% recebiam tratamento no período.
Brasil
Há poucos dias, a organização da sociedade civil Trata Brasil divulgou levantamento que confirma a relação entre a falta de saneamento e acesso à água potável e os problemas de saúde que afetam principalmente as crianças. O Ranking do Saneamento levantou a situação desse serviço nas 100 maiores cidades do país, considerando a parcela da população atendida com água tratada e coleta de esgotos, as perdas de água, investimentos, avanços na cobertura e o que é feito com o esgoto gerado pelos 77 milhões de brasileiros dessas localidades (40% da população brasileira).
O levantamento mostrou que a política em “grande parte das maiores cidades do país avança, mesmo lentamente, nos serviços de saneamento básico, sobretudo no acesso à água potável, à coleta, ao tratamento dos esgotos e à redução das perdas de água”. Os pesquisadores destacam, porém, que existe um número expressivo de municípios de grande porte que não avançaram nesses investimentos.
De acordo com os pesquisadores, do volume de esgoto gerado nas 100 cidades, somente 36,28% são tratados, ou seja, apenas nas cidades analisadas, quase 8 bilhões de litros de esgoto são lançados todos os dias nas águas sem nenhum tratamento. Isso equivale a jogar 3.200 piscinas olímpicas de esgoto por dia na natureza.
Segurança alimentar
Os órgãos das Nações Unidas apontam que, no mundo, o despejo de 90% das águas residuais em países em desenvolvimento – em banhos, cozinha ou limpeza doméstica – vai para rios, lagos e zonas costeiras. Trata-se de uma ameaça real à saúde e à segurança alimentar no mundo.
Pelo ranking da Trata Brasil, o índice médio em população atendida com coleta de esgoto nas 100 cidades pesquisadas pela organização foi 59,1%. A média do país, registrada em 2010, era 46,2%. A boa notícia é que 34 cidades apresentaram índice de coleta de esgoto superior a 80% da população e apenas cinco municípios (Belo Horizonte, Santos, Jundiaí, Piracicaba e Franca) tinham 100% da coleta de esgoto em funcionamento.
Trinta e dois municípios se encontram na faixa de sem coleta a 40% de coleta e 34 cidades têm entre 41% e 80% da cobertura de coleta de esgoto. “Ou seja, na maioria dos municípios analisados ainda está distante a universalização dos serviços de coleta de esgoto”, destaca o estudo.
A análise da organização não governamental destacou que vários fatores influenciam na ocorrência das diarreias, como a disponibilidade de água potável, intoxicação alimentar, higiene inadequada e limpeza de caixas d’água. O estudo mostrou a relação direta entre a abrangência do serviço de esgotamento sanitário e o número de internações por diarreia. De acordo com o levantamento, em 2010, em 60 das 100 cidades pesquisadas os baixos índices de atendimento resultaram em altas taxas de internação por diarreias.
Nas 20 melhores cidades em taxa de internação (média de 17,9 casos por 100 mil habitantes), a média da população atendida por coleta de esgotos era de 78%, enquanto nas dez piores cidades em internações por diarreia (média de 516 casos por 100 mil habitantes), a média da população atendida por coleta de esgotos era somente 29%.