Última tentativa só listou 17% das plantas em três anos; estudo ajuda a prevenir quedas de galhos durante chuvas
NATALY COSTA – O Estado de S.Paulo
Após o fracasso de diversos projetos para mapear, identificar e diagnosticar a situação das árvores da cidade de São Paulo, a gestão Fernando Haddad (PT) agora promete fazer um inventário de todas as espécies em vias públicas da capital paulista – o que, portanto, exclui os parques. O mapeamento deve ficar pronto daqui a dois anos.
O levantamento é importante para que as autoridades e a população acompanhem o estado de saúde e o crescimento das árvores, o que permitiria antecipar serviços de poda, por exemplo. Em épocas de chuva, evitaria que tantas árvores doentes caíssem durante o temporal.
O projeto está em fase de elaboração na Secretaria de Coordenação das Subprefeituras e será feito em parceria com o Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) e a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). A Prefeitura também quer o apoio da Eletropaulo.
"Não sabemos quanto vai custar ainda, mas não será nada muito alto, até porque é algo feito a partir de institutos de pesquisa", afirma o secretário de Coordenação das Subprefeituras, Chico Macena.
Até hoje, não se sabe quantas nem quais árvores existem na capital paulista. A última tentativa de mapeamento foi o programa Identidade Verde, lançado em 2010 pela gestão Gilberto Kassab (PSD). O programa fracassou e o contrato, de R$ 2,1 milhões, foi suspenso pela nova administração neste mês.
O Identidade Verde deveria mapear 94 mil espécies nas 31 subprefeituras. Três anos depois, só mapeou 16 mil árvores, apenas 17% do prometido. "Rompemos o contrato porque a empresa contratada não deu conta do trabalho", diz Macena.
"Existe um número de 2 milhões de árvores, mas é um chute, uma especulação. Ninguém sabe o número oficial", explica o ambientalista Ricardo Cardim, da Universidade de São Paulo (USP). "Aqui em São Paulo não se faz a poda de condução, aquela que conduz o crescimento da árvore. Só podam quanto a árvore está enorme e adulta. Aí, você faz um corte na árvore que nem sempre cicatriza, ela fica doente e cai dois, três anos depois."
Campinas. O secretário de Coordenação das Subprefeituras diz que, para a nova tentativa de mapear as árvores, vai tomar como exemplo a experiência de Campinas, no interior paulista.
Lá, a Embrapa fez um mapeamento das árvores em 4,8 mil quilômetros de ruas e avenidas, e identificou um déficit de árvores na cidade.