Grande SP será a última região a ter coleta total de dejetos; plano do governo começa no interior
TIAGO DANTAS – O Estado de S.Paulo
O Estado de São Paulo pretende ter 100% de esgoto tratado até 2019. A promessa foi feita ontem pelo governador Geraldo Alckmin (PSDB), durante evento em que anunciava um convênio com a iniciativa privada para limpar os Rios Pinheiros e Tietê e reurbanizar seu entorno.
A meta do governo é tratar todo o esgoto das cidades do interior do Estado até o ano que vem. Em 2016, ficariam prontas as estações de tratamento dos municípios do litoral. Três anos depois, seria concluída a operação para ter coleta dos dejetos na Região Metropolitana de São Paulo. "A universalização do tratamento do esgoto é uma questão de saúde pública. Vai afastar o esgoto de perto das casas das pessoas e vai propiciar a recuperação dos rios", afirmou Alckmin.
Investimento. Para conseguir limpar os rios que cortam a metrópole, o governo depende da ajuda da iniciativa privada. Ontem, um convênio foi assinado com o Movimento Brasil Competitivo (MBC) – uma organização criada por empresários em 2001. O MBC deverá contribuir com a gestão do projeto de despoluição, tentando deixar os processos mais eficientes.
Nos últimos 20 anos, o investimento na limpeza dos rios foi capaz de reduzir a mancha de poluição em 160 quilômetros, segundo o governo. Em 1993, a mancha estendia-se por 260 quilômetros até Barra Bonita, na região de Bauru. Atualmente, tem 100 quilômetros e chega até a cidade de Salto, na área de Sorocaba.
Na prática, a limpeza dos Rios Tietê e Pinheiros depende de um pente-fino em rios menores que cortam a Grande São Paulo, na opinião do engenheiro e ex-deputado estadual Rodolfo Costa e Silva. Ontem, Costa e Silva foi designado como coordenador do Comitê de Requalificação Urbana e Social das Marginais.
"Estamos procurando garantir a qualidade dos rios da nascente para a frente. E precisa funcionar uma articulação com os municípios para conseguirmos faze isso. Vamos ter que ter metas no curto prazo, além das metas de longo prazo", disse Costa e Silva.
"A proteção dos quase 200 rios menores é importante para o Tietê", afirmou o engenheiro. Segundo ele, será preciso unificar dados e projetos de cidades e do próprio governo do Estado para que a limpeza seja eficiente. "Na hora que você limpa o rio, tem de garantir a qualidade do rio, garantir oxigênio e vida nele o ano inteiro."
Durante o evento, o governador afirmou que é injusta a comparação do Tietê com rios de outras grandes cidades do mundo, como o Sena, em Paris, e o Tâmisa, em Londres. "Aqui na capital, o Tietê é um rio de cabeceira. Está a 700 metros de altura e não tem muita água. Esses outros rios são de foz, estão pertinho do mar, então a poluição é muito mais diluída."