“Segurança se faz com mais controle e menos armas” – Folha de S.Paulo

Investimento nestas ações já funcionou e reduziu homicídios em SP nos anos 2000

SAMIRA BUENO
ESPECIAL PARA A FOLHA

O empresário João Alberto de Camargo Cardoso foi assassinado na noite de 27 de fevereiro em sua imobiliária durante um assalto.

Sua morte faz parte da triste estatística divulgada ontem pela Secretaria da Segurança Pública: 101 vidas roubadas no primeiro trimestre em São Paulo, um incremento de 24,7% em relação ao primeiro trimestre de 2012.

Se considerarmos apenas os dados da capital paulista, o dado é ainda mais assustador, com um aumento de 90,5% dos latrocínios.

O que se observa é uma tendência ascendente nos crimes violentos, resultado da "onda de violência" vivida desde o segundo semestre do ano passado e que ainda não foi revertida. Isso reforça o medo e a insegurança da população, que, por sua vez, cobra medidas do Estado.

Não podemos incorrer no erro de responder ao aumento da violência com o recrudescimento da política de segurança, como a redução da maioridade penal que voltou ao debate público.

Uma política de segurança eficiente se faz com o investimento na produção e transparência de informações, aperfeiçoamento das ações de inteligência, valorização dos profissionais de segurança pública, mecanismos de controle robustos e diminuição da circulação de armas.

O investimento nestas ações funcionou entre 2000 e 2011, quando São Paulo logrou reduzir 70% dos seus homicídios. Já passou da hora de iniciarmos a discussão sobre o modelo de segurança pública brasileiro, introduzindo mudanças substantivas em sua estrutura. Enquanto isso não acontece, seguimos enxugando gelo.

SAMIRA BUENO é socióloga e secretária-executiva da ONG Fórum Brasileiro de Segurança Pública

Compartilhe este artigo