Lucas Nobile, Matheus Magenta e Silas Martí, de São Paulo
No ano em que chega à sua nona edição, a festa mais popular de São Paulo abandonou a periferia e se concentrou na região central.
A primeira Virada Cultural da gestão do prefeito Fernando Haddad (PT), marcada para este fim de semana, também vai ser menor do que a do ano passado, mesmo tendo o maior orçamento de toda a sua história, R$ 10 milhões.
Foram cortados da festa todos os Centros Educacionais Unificados, os CEUs, que no ano passado reuniram 162 apresentações.
No total, 4 milhões de pessoas foram a 790 eventos no centro e 414 em áreas periféricas em 2012. Agora, serão 784 atrações centrais e 226 em pontos distantes.
Com um orçamento 33% maior neste ano –foi de R$ 7,5 milhões para R$ 10 milhões–, a Virada diminuiu os eventos em cerca de 16%.
"Tudo que levava à dispersão, a gente reduziu", diz Juca Ferreira, secretário municipal da Cultura, à Folha.
"A Virada não diminuiu. Houve um reordenamento e fortalecimento de certos processos e redução de outros. O conceito da Virada é permitir uma convivência inaudita na cidade, por isso ela não pode se dispersar."
Ferreira ressalta que a periferia não está fora da Virada porque manifestações como rap, forró e funk voltaram à programação.
"O que nós não queremos é que a periferia tenha de ficar na periferia. Queremos que as pessoas que moram lá venham até a Virada."
"Acho isso um erro", ataca o vereador tucano Andrea Matarazzo, que lançou agora um projeto de lei para assegurar a realização da Virada. "Eu teria feito como sempre fizeram, para não sobrecarregar o centro."
José Mauro Gnaspini, que passou a dividir o comando da festa com outros oito curadores, diz que "talvez não seja a Virada que vá atender a periferia" e diz que há planos para criar outras festas menores ao longo do ano.