Escrito por Mariana Missiaggia
O maior desafio do Plano Diretor Estratégico de São Paulo ainda é tirar do papel metas asseguradas em 2002, quando o PDE foi proposto. Para o diretor do departamento de Urbanismo da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano, Kazuo Nakano, que trabalha atualmente em cima da revisão do plano, a iniciativa deixou diversos legados bons, como o Bilhete Único, que induziu a integração dos modais. "Porém, essa política não foi acompanhada da expansão das redes de corredores de ônibus, que também estava prevista no plano. Precisamos ter foco na mobilidade", disse.
Ontem, em reunião com o Núcleo de Estudos Urbanos do Conselho de Política Urbana da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), Nakano apresentou os objetivos de sua gestão para a nova versão do Plano Diretor. O encontro foi mediado pelo coordenador Josef Barat, que pretende trazer novos conceitos e possibilidades ao plano com as propostas do Núcleo.
Aproximar moradia do trabalho, consenso entre os presentes, é desafio urgente da cidade. Quando foi lançado, um dos objetivos do PDE era reestruturar o crescimento da cidade, incentivando o investimento em bairros com espaços vazios e barrando o avanço em outros saturados.
Porém, pouco mudou na última década, e parte das Zonas Especiais de Interesse Social (Zeis), que deveriam ser reservadas à habitação popular, foram ignoradas. "O ideal seria propor o adensamento ao redor de estações de metrô e trens. E incentivar a instalação de comércio variado, escritórios e prédios comerciais. O adensamento vai incentivar o cidadão a deixar seu carro em casa e passar a se locomover pela cidade via metrô ou trem", observou o arquiteto e urbanista Eduardo Della Manna, presente na reunião.
O consultor em transporte e primeiro presidente da Companhia do Metropolitano de São Paulo Plínio Assmann fez coro à fala de Della Manna e acredita que somente a criação de um sistema de ônibus eficiente e competitivo poderá salvar os paulistanos do trânsito.
Desde abril, a prefeitura vem organizando reuniões com participação popular para rediscutir o atual e único PDE da história do município, aprovado pela administração da também petista Marta Suplicy, em 2002.
A próxima fase do processo participativo de revisão do Plano Diretor será iniciada no sábado, com a realização de oficinas nas subprefeituras da capital. Essas sessões contarão com a participação de representantes dos comitês técnicos das distritais da ACSP. Para tanto, o Conselho de Política Urbana realizou uma reunião na segunda-feira para discutir as propostas da ACSP para a revisão do Plano. "Queremos ser parceiros da administração municipal e estamos nos prontificando a apresentar sugestões", disse o vice-presidente da ACSP e coordenador do Conselho, Antonio Carlos Pela. Além das oficinas que serão realizadas em cada uma das 31 subprefeituras, após receber as sugestões, os técnicos da Prefeitura vão preparar uma minuta para consulta pública e então, o projeto será encaminhado para votação na Câmara Municipal, prevista para acontecer ainda este ano.