“Estudo aponta que Grajaú é o pior distrito para viver em São Paulo” – Folha de S.Paulo

Por Rafael Carneiro da Cunha, para a Folha de S.Paulo

Uma conjuntura de problemas colocou o Grajaú, distrito da zona sul de São Paulo, como o pior no quesito qualidade de vida. Foi o que mostrou a versão atualizada do Mapa da Desigualdade, elaborado pela Rede Nossa São Paulo e apresentado na sexta-feira (7) no Sesc Consolação. Dos 55 critérios analisados, o Grajaú registrou 32 indicadores classificados como ruins.

Uma das deficiências da região é o baixo número de livros disponíveis em acervos de bibliotecas e pontos de leitura. Segundo o levantamento, há 0,03 obras infanto-juvenis por habitante. Em relação às publicações destinadas aos adultos, o índice é ainda menor, de 0,01.

Com 31 indicadores negativos aparece o Capão Redondo, seguido por Brás e Brasilândia, ambos com 30. A classificação dos piores distritos da capital paulista reúne 29 localidades, como Jabaquara, Campo Limpo, São Miguel, Pari e Sé.

Entre os 10 piores de São Paulo, aparece o distrito de Cidade Dutra que, assim como o Grajaú, enfrenta grandes problemas com relação ao acesso de livros.

A estudante universitária Dalila Ferreira, 27, mora no bairro Jardim Iporanga e conta que quando criança foi incentivada a ler por uma professora da Sala de Leitura –programa do governo federal. “Meus pais também gostavam de me ver lendo. Achavam bonito”, lembra.

Hoje, a jovem sempre está com uma obra na bolsa. “Normalmente pego livros na faculdade ou troco em sebos. Ou até mesmo, vou às feiras de troca na região da avenida Paulista e no bairro da Vila Madalena, na zona oeste.”

Mas para ir a uma biblioteca, a estudante precisa fazer grandes deslocamentos pela cidade. “Preciso sair do meu bairro para ter acesso à leitura”, ressalta.

Os distritos da Consolação e Sé ficaram com os melhores resultados nas categorias de livros infanto-juvenis e livros direcionados a adultos, com  8,96 e 16,69 por habitante.

No entanto, das 55 localidades, mais de 40 tiveram indicador zero nas duas categorias de obras literárias. Os dados são de 2011 e não foram contabilizadas as bibliotecas dos CEUs. A Unesco recomenda um mínimo de dois livros per capta.

Outros distritos da zona sul, além do Grajaú e Capão Redondo, também apresentaram índices preocupantes. Dados de 2011 apontam que o Campo Limpo, por exemplo, tem o pior indicador relacionado ao número de óbitos por homicídio dentro de um conjunto de 100 mil habitantes, com 16,93. Nessa mesma relação, o índice de homicídios de jovens do sexo masculino, entre 15 e 29 anos, chega a 82,37.

Rafael Carneiro da Cunha, 23, é correspondente da Lapa
@rafaelccunha
rafaelccunha.mural@gmail.com

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