Ana Cláudia Barros, do R7
Após reunião extraordinária com o Conselho da Cidade nesta terça-feira (18), na qual participaram representantes do MPL (Movimento Passe Livre) e de outros movimentos sociais, o prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, sinalizou um discurso mais flexível em relação à redução da tarifa dos ônibus urbanos, que custa atualmente R$ 3,20. O chefe do executivo municipal, entretanto, destacou que isso resultaria em uma diminuição de investimentos em outras áreas.
— Se tivermos que ampliar os subsídios com recursos municipais, que a sociedade participe desta decisão, porque isso vai significar menos investimentos em outras áreas.
Haddad enfatizou que “custará para São Paulo manter a tarifa em R$ 3 até 2016”.
— A cidade precisa conhecer esses números. Na verdade, quando se fala em revogar, não estamos falando em revogar o aumento apenas. Estamos falando em um cenário muito provável, que é a partir disso, um congelamento [da passagem]. Com a tarifa atual, precisaríamos de R$ 1,2 bilhão [de subsídios municipais] para fechar o ano. Se houver recuo [e o valor da tarifa voltar a ser de R$ 3], será de R$ 1,4 bilhão este ano. Seguindo essa marcha de manter em R$ 3 até 2016, nós precisaríamos, só no último ano – e não é acumulado -, de R$ 2,7 bilhões. Em valores atuais.
O prefeito completa:
— Quais áreas serão afetadas em proveito desse congelamento? Temos que falar para sociedade o cenário provável.
O prefeito informou que a decisão de passar a passagem do ônibus de R$ 3 para R$ 3,20 foi estudada durante cinco meses e que a prefeitura está disposta a "explorar alternativas".
— Se nós conseguirmos discutir com o setor, reduzir a margem; se nós conseguirmos discutir com os governos federal e estadual e reduzir os impostos que incidem sobre a tarifa; se nós conseguirmos espaço orçamentário, nós temos condição. Agora, o que nós não podemos é nos omitir. Não informar a sociedade do sacrifício que isso vai representar para outras áreas se nada mudar.
Haddad disse que a discussão sobre a redução da tarifa é “um assunto complexo” e que há caminhos para serem “trilhados”.
— [É preciso] Abrir as planilhas [do transporte público], verificar se tem gordura no lucro dos empresários. Sou favorável [a abrir os números]. Se conseguir ajustar um pouco para menos, a gente transfere isso para o povo. Se conseguir uma fonte alternativa de investimento. O governo federal tem uma agenda de desoneração. Vamos apostar nessa agenda.