“‘Produtividade’ de ônibus em SP sobe e abre espaço para renegociação de tarifa” – Folha de S.Paulo

José Ernesto Credendio
 
Um cruzamento de dados da SPTrans mostra que o sistema de ônibus de São Paulo vem transportando cada vez mais passageiros por quilômetro percorrido –de 2007 até o ano passado, houve um aumento de 9,3% nesse índice, chamado IPK.
 
É um dado importante porque, quando são levadas mais pessoas por quilômetro, melhora a produtividade do sistema, que pode arrecadar mais com cada veículo. Isso abre caminho para uma renegociação da tarifa, segundo especialistas do setor.
 
Quando considerados todos os passageiros, incluindo gratuidades, o IPK vem crescendo desde 2007 (era de 3,32), teve leve queda até 2009, mas desde 2010 (3,33), 2011 (3,54) e 2012 (3,63) vem apresentando crescimento.
 
Se for considerado somente o ÌPK dos que pagam tarifa, a taxa de aumento é de 10,4% em cinco anos.
 
Outro indicador de que o sistema ganha em produtividade, também medido pela SPTrans, é o aumento da velocidade média dos ônibus nos horários de pico.
 
Na soma das médias centro-bairro e no sentido contrário, a média, que era de 14,52 km/h em 2007, atingiu 15,62 km/h neste ano.
 
O diretor da NTU (associação nacional das empresas de transporte urbano) Marcos Bicalho afirma que melhorar a velocidade média é uma das formas de tornar o sistema mais eficiente e, com isso, pode reverter o ganho na tarifa.
 
Isso porque um ônibus que fica parado na rua custa quase o mesmo que aquele que estiver coletando passageiros ao longo das linhas. Seria como um táxi sem circulando bem devagar nas ruas.
 
O engenheiro Adriano Murgel Branco, ex-secretário dos Transportes de São Paulo, diz que os dados revelam ser possível melhorar a arrecadação do sistema e diluir os custos de forma a cortar a tarifa.
 
"O IPK é o melhor indicador. Quanto mais alto, maior a receita. Fico surpreso, porque acreditava que o índice estivesse perto de 2", disse.
 
O consultor em transportes Miguel Bortolini afirma que a conta é simples. "A tarifa é uma divisão do custo entre o número de passageiros. Se você tem mais gente no mesmo sistema, é um ganho real. Um IPK baixo deixaria a linha deficitária."
 
Procurado pela Folha, o SPUrbannus (sindicato das empresas de ônibus de SP) avalia que a alta do IPK "tem relação direta com a implantação do Bilhete Único, já que todos os passageiros passaram a ser registrados".
 
A respeito de eventual impacto do índice na tarifa, o sindicato diz que cabe à prefeitura realizar as avaliações. A SPTrans não comentou os dados.
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