“São Paulo ganhou 1,5 milhão de carros em uma década” – Folha de S.Paulo

Mario Cesar Carvalho, de São Paulo
 
Em dez anos, o número de carros em São Paulo aumentou quase 1,5 milhão. Passou de 3,4 milhões em abril de 2004 a 4,9 milhões em abril último –um salto de 43%.
 
Isso ocorreu por causa da elevação da renda e da redução de impostos sobre os carros populares desde 2009.
 
O aumento do congestionamento tem um custo astronômico, segundo estimativa do engenheiro Eduardo Vasconcellos: consome R$ 8 bilhões por ano, quando se contam os gastos de combustível, depreciação da frota e perda de produtividade das pessoas paradas no trânsito.
 
A maior perda, diz ele, que é assessor da ANTP (Associação Nacional de Transportes Públicos), é dos usuários de ônibus, que passam mais tempo no congestionamento.
 
O aumento do trânsito também tem impacto nas finanças públicas. Um projeto de corredores da Prefeitura de São Paulo para dobrar a velocidade dos ônibus em horários de pico, hoje de 12 km por hora, está orçado em R$ 8 bilhões, segundo a Secretaria Municipal dos Transportes.
 
Como a prefeitura não tem recursos, Fernando Haddad (PT) vai a Brasília tentar obter o dinheiro para cumprir a promessa de campanha.
 
"Baratear o transporte privado aumenta o custo do público a médio prazo", diz o engenheiro Carlos Henrique Ribeiro de Carvalho, pesquisador do Ipea (Instituto de Pesquisas Econômicas e Aplicadas). "Menos pessoas usando ônibus significa um custo maior por passageiro".
 
A Associação Nacional de Transportes Públicos estima que o trânsito onera em 25% o preço da passagem de ônibus.
 
O congestionamento maior eleva o preço porque os ônibus gastam mais diesel e mais tempo num trajeto.
 
Como a passagem em São Paulo custa R$ 3, pelo menos R$ 0,75 são decorrentes de congestionamentos.
 
O aumento do trânsito obriga as empresas a colocar mais ônibus na mesma linha –isso chama-se perda de produtividade em economês. Há 18 anos um ônibus fazia oito viagens por dia. Hoje, faz cinco.
 
Subsídios
 
Vasconcellos comparou as desonerações que o governo dá a carros, táxis e motos e aos ônibus (não paga IPI e desde o começo do ano, não recolhe PIS e Cofins).
 
O resultado é que o transporte individual recebe isenções e subsídios de R$ 16 bilhões ao ano, enquanto os ônibus recebem R$ 2 bilhões.
 
A proporção das desonerações de carro e ônibus é de oito para um. Enquanto o ônibus ganha R$ 1 de incentivo, o carro, a moto e o táxi têm isenções de R$ 8.
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