A qualidade dos serviços de 13 das 19 empresas de ônibus de São Paulo piorou nos primeiros seis meses da gestão Fernando Haddad (PT).
A avaliação é de um indicador criado pelo poder público para a aferição do desempenho das viações. Ele considera aspectos como quantidade de reclamações, atrasos, acidentes, superlotação, falhas, limpeza e comportamento dos motoristas.
No primeiro semestre deste ano, dois terços das concessionárias de ônibus, que transportam 57% dos passageiros, tiveram nota pior que a do mesmo período de 2012.
Só seis melhoraram –mas isso bastou para deixar a nota média da cidade estável. As empresas de ônibus alegam que os congestionamentos e até os protestos de junho as prejudicaram.
A última empresa do ranking do IQT (Índice de Qualidade do Transporte) é a Itaquera Brasil, antiga Novo Horizonte, da zona leste. Numa escala de 0 a 100, teve nota 46,1, considerada "ruim" –e 20 pontos abaixo da média.
A mais bem avaliada é a Transkuba, da zona sul –nota 77,3, a única considerada "ótima" na capital paulista.
Os dados foram obtidos pela Folha por meio da Lei de Acesso à Informação. Eles são preparados pela SPTrans, empresa municipal do setor. O modelo atual de cálculo do IQT foi consolidado somente em julho de 2011.
AVALIAÇÃO
Apesar de a avaliação geral do sistema ser considerada "regular", ao menos quatro viações têm nota "ruim" –elas transportam 15% dos passageiros em São Paulo.
Tanto em 2011 como 2012, havia só duas, da zona leste. Neste ano, duas novas, da zona sul, entraram no grupo.
Somente um terço das empresas de ônibus tem conceitos considerados satisfatórios –"bom" ou "ótimo".
Há duas que são avaliadas de forma independente em cada região que operam. A VIP, por exemplo, tem nota "ruim" na zona leste, mas "boa" na nordeste.
Após as manifestações de junho que motivaram a queda da tarifa de R$ 3,20 para R$ 3, a gestão Haddad acelerou a implantação de faixas exclusivas para aumentar a fluidez dos ônibus na cidade.
Essa é a principal medida de curto prazo a cargo do município para a melhoria da qualidade –são prometidos 220 km só neste ano.
VIAGENS
Segundo Ana Odila Souza, diretora de planejamento da SPTrans, a avaliação ajuda a identificar problemas para trabalhar com os operadores na melhoria dos serviços.
O maior peso do índice de qualidade do transporte coletivo é a medição do cumprimento de viagens exigidas.
Na prática, quando alguma delas não é feita, os passageiros esperam mais tempo no ponto e podem enfrentar maior superlotação.
O sociólogo Eduardo Biavati, especializado em mobilidade urbana, diz que é importante ter parâmetros de avaliação, mas faz críticas ao índice da prefeitura.
"A referência do sistema está no próprio sistema. Ou seja, não avaliam se os ônibus daqui são tão bons quanto os de Berlim ou Paris."
O índice não tem caráter punitivo, mas a piora pode afetar as certificações exigidas nos contratos com a prefeitura e resultar em multas.