“Faixas exclusivas de ônibus ‘cercarão’ centro de São Paulo” – Folha de S.Paulo

Secretário Tatto (Transportes) defende o transporte público e diz para motorista evitar usar área central. Vias só para coletivos serão implementadas a partir do dia 16; até o fim de outubro, haverá um anel ao redor da Sé.
 
Giuliana Vallone
 
A Prefeitura de São Paulo vai "cercar" o centro da cidade com faixas exclusivas de ônibus a partir deste mês.
 
Na semana passada, em uma reunião em que a Folha participou, o secretário municipal de Transportes, Jilmar Tatto, disse que as faixas exclusivas de ônibus na chamada "rótula central" da cidade começam a ser implementadas no dia 16 de setembro.
 
Os ônibus vão percorrer, em via única, um trajeto mais ou menos circular formado pela praça Dr. João Mendes, avenidas Mercúrio e Ipiranga, além do viaduto Jacareí e da Praça da República.
 
"Foram meses de estudo, estamos bastante seguros do que tem que ser feito na região central", afirma.
 
Tatto estima que em até cinco semanas após o início da implementação (segunda metade de outubro), as faixas estarão ativas em todo o percurso da rótula.
 
Os ônibus que chegam dos bairros entrarão na rótula para acessarem seus destinos, ou para passarem pelos terminais Princesa Isabel, Bandeira ou Parque Dom Pedro.
 
"Precisamos reorganizar o viário priorizando o transporte público, então pedimos que os usuários de carro evitem usar a região central."
 
As faixas para ônibus no centro da cidade fazem parte do programa municipal "Dá Licença para o Ônibus".
 
A meta da gestão petista é implementar 220 km de vias exclusivas até o fim do ano.
 
"A velocidade do ônibus na cidade é cerca de 13 quilômetros por hora. Nos locais em que existem as faixas exclusivas, a velocidade média subiu em mais de 30%", diz Tatto.
 
Segundo o secretário, o próximo passo é reorganizar as linhas da cidade.
 
"O problema não é a falta de ônibus. Tem 15 mil ônibus distribuídos de forma errada. Aumentando a velocidade de circulação [nas faixas], você qualifica essas linhas."
 
Para o urbanista especializado em transporte Flamínio Fichmann, o Bilhete Único permite à prefeitura ter acesso a um processamento das necessidades reais do usuário de transporte público.
 
O sistema, implantando em 2004, na administração Marta Suplicy (PT), permite identificar cada uma das viagens dos passageiros.
 
"Não adianta só pensar em aumentar o desempenho de um sistema ineficiente, é preciso ver a necessidade da população", afirma Fichmann.
 
Segundo o especialista, as faixas exclusivas implementadas nas últimas semanas revelam esse desequilíbrio que existe no sistema de transporte público.
 
"Na avenida 23 de maio, você vê os carros parados em um congestionamento enorme e não passa nenhum ônibus na faixa. O espaço do sistema viário não está sendo usado racionalmente".
 
Os usuários de ônibus em São Paulo concordam.
 
Pesquisa da ANTP (Associação Nacional de Transportes Públicos), de 2012, revela que a grande reclamação sobre o sistema é a falta de ônibus nas linhas existentes.
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