“Evento discute se tarifa zero é viável ou inviável para SP” – Portal da Câmara Municipal

Lúcio Gregori, ex-secretário municipal de transportes é defensor da gratuidade no sistema. Para ele, o termo “tarifa zero” não é sinônimo de ausência de custos no transporte. “Não é que o sanduíche seja de graça, é quem paga o sanduíche”. “Hoje quem paga é quem não tem alternativa, está cativo do sistema. Sou defensor de impostos progressivos, uma forma robusta de fazer o transporte subsidiado até chegar à tarifa zero”, explicou.
 
Gregori, resumiu, durante debate realizado dia 27/9 na Câmara Municipal, sua visão do assunto: para ele, é preciso mudar o modelo de concessão nos transportes, e embora existam aspectos técnicos a serem discutidos, o fim da cobrança de tarifa é uma questão política. “Quando o assunto é tarifa zero, sempre é essa busca de pelo em ovo. Vão procurar, mas não vão encontrar”.  Para o ex-secretário (de 1989 a 1992) “é anacrônico que o transporte seja tratado quase como capitanias hereditárias”, disse, referindo-se ao “controle de empresas sobre regiões da cidade por décadas.”
 
E exemplificou sua posição: “Se eu pegar um táxi, a corrida dá o mesmo preço com uma, duas ou três pessoas dentro”.
 
Representante do Movimento Passe Livre, Monique Felix também criticou o modelo, no evento desta sexta no Legislativo: “É fundamental o Poder Público discutir o custo operacional e não por passageiro. Esse modelo atende ao lucro dos empresários e não aos passageiros e ao bom funcionamento do transporte coletivo”.
 
Monique explicou que o Passe Livre critica o financiamento direto do transporte por meio de tarifa em detrimento de um financiamento pelo conjunto da população. Isso porque, ela explicou, todos se beneficiam dele e, apenas com o fim da tarifa, há a compreensão do transporte coletivo como direito social. “O serviço público não tem restrição de acesso. Ninguém passa no poste de luz e põe uma moedinha”, afirmou.
 
Favoráveis a mudanças, contrários à tarifa zero 
 
Horário Figueira, da Rede Nossa São Paulo, disse ser contrário ao fim da tarifa “por questão técnica”. “São doze milhões de viagens a pé por dia na cidade. Não tem estrutura para essas viagens migrarem para o transporte público”. Ele defende medidas como a municipalização da Cide (Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico, imposto sobre a gasolina) e garantia de que este tributo seja revertido ao subsídio, de forma a reduzir a tarifa.
 
Além disso, Figueira acredita ser necessária alguma cobrança. “O nível de depredação é alto em cidades com tarifa zero”, argumentou, citando o Bom Prato — refeições a R$ 1 oferecidas pelo Governo Estadual — como modelo de política pública que não “humilha ninguém por ser gratuita” e é de qualidade.
 
Na mesma linha, o vereador Ricardo Young (PPS) falou favorável a mudanças na gestão dos transportes, porém teme que “o passe livre universal seja um fator de endividamento grave do município”. Em sua opinião, o modelo de licitação no transporte público precisa ser completamente diferente.
 
“Temos um sistema mantido por empresas familiares, e com passivos fiscais grandes. Demos a empresas erradas concessão daquilo que é cada vez mais estratégico”, disse o parlamentar, para quem a mudança depende de regulação por parte do poder público.
 

 
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