Maratona hacker poderá ampliar transparência e controle social no transporte público

Participantes da Hackatona do Ônibus utilizarão dados da Prefeitura para desenvolver aplicativos destinados a facilitar a vida dos usuários do sistema e o acompanhamento por parte da sociedade

Airton Goes airton@isps.org.br

O evento São Paulo Aberta, que será realizado esta semana na capital paulista, poderá ser um espaço importante para ampliar a transparência e o controle social no sistema de transporte da cidade. Isto porque uma das atividades programadas é a Hackatona do Ônibus – uma maratona hacker em que as equipes participantes deverão desenvolver software e aplicativos com os dados do transporte público disponibilizados pela Prefeitura.

“Percebo que está havendo uma sinalização por parte do Executivo municipal de maior participação da sociedade e de abertura dos dados”, pontua Everton Zanella Alvarenga, o Tom, diretor da Open Knowledge Foundation Brasil – uma ONG que promove o acesso ao conhecimento livre, em especial dos dados abertos.

Para ele, a abertura dos dados não é o único passo que o poder público pode dar em direção à transparência, “mas possibilita à sociedade acompanhar e fiscalizar os serviços”.

Com a experiência adquirida em outras maratonas hackers, Tom considera que o mais importante em eventos como esse é a formação de uma comunidade de pessoas envolvidas com o tema. Em sua avaliação, essa comunidade, além de elaborar aplicativo para facilitar a vida do usuário do transporte e da sociedade como um todo, poderá demandar novos dados da Prefeitura.

Para ele, é importante que as organizações e os cidadãos participem das atividades programadas no São Paulo Aberta.

Em relação aos aplicativos que poderão ser desenvolvidos na Hackatona do Ônibus, o diretor da Open Knowledge Foundation Brasil exemplifica: “Uma das possibilidades é o cidadão, por meio do celular, localizar o ônibus que está aguardando e ter uma previsão de quanto tempo irá demorar”.

O desafio, segundo Tom, é manter e atualizar os aplicativos criados nas maratonas hackers, para que continuem a servir os usuários ao longo do tempo. 

Diogo Baeder, engenheiro de software e integrante de uma das equipes inscritas na Hackatona do Ônibus, resume a ideia do projeto apresentado por seu grupo: “Pretendemos desenvolver um aplicativo para dispositivos móveis, incluindo celular, para que os usuários do modal ônibus possam fiscalizar o serviço prestado”.

Em sua opinião, o aplicativo poderá contribuir para a construção de uma democracia mais participativa. “Se a própria sociedade pode fiscalizar e cobrar, o poder público fica mais exposto”, argumenta.

O diretor da Associação dos Especialistas em Políticas Públicas do Estado de São Paulo – AEPPSP Leandro Salvador considera que o evento São Paulo Aberta representa um fomento importante à cultura da transparência e da participação social no município.

Questionado sobre a atividade específica da maratona hacker do ônibus, o especialista em políticas públicas apresenta uma sugestão para futuros eventos. “Atualmente, são as equipes que escolhem os objetivos dos aplicativos que pretendem desenvolver. Numa próxima, talvez seja interessante que haja algum processo de escolha que inclua a participação dos usuários e da sociedade”, propõe Salvador, que também é integrante da Transparência Hacker e da Rede pela Transparência e Participação Social – Retps.

As inscrições para a Hackatona do Ônibus foram encerradas na sexta-feira (18/10). Os três melhores projetos receberão prêmios entre R$ 3 mil a R$ 8 mil, no encerramento do São Paulo Aberta.

Clique aqui e confira programação completa do evento.

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