“Haddad sofre revés e Câmara adia votação de alta do IPTU” – Folha de S.Paulo

Parte da base aliada se rebelou, e gestão petista não conseguiu votos necessários. Prefeitura de SP admite mudanças e fará nova negociação na Casa para tentar aprovar reajuste do imposto

Giba Bergamim Jr.

O prefeito Fernando Haddad (PT) sofreu um revés ontem na Câmara em sua intenção de aprovar um reajuste do IPTU acima da inflação.

Diante da repercussão negativa da alta do imposto, parte da base aliada se rebelou e a gestão petista não conseguiu, dentre os 55 vereadores, os 28 votos necessários.

A votação foi adiada e poderá ocorrer hoje –quando haverá nova negociação.

Partidos como PSD, PV e PSB, que votaram a favor de projetos do prefeito neste ano, não quiseram aprovar a alta de reajuste do IPTU.

Pela proposta de Haddad, ela seria de, em média, 24% no ano que vem, com tetos de 30% para imóveis residenciais e 45% para demais. A inflação anual é próxima de 6%.

Em negociação com os vereadores, a administração petista já admitiu reduzir esses tetos –para 20% e 35%– e ampliar descontos para aposentados de baixa renda. Mesmo assim, a arrecadação pode aumentar 18% em 2014.

A resistência da Câmara aumentou depois de a Folha revelar ontem que 45% dos imóveis terão reajuste de IPTU não só em 2014, mas também nos anos seguintes.

Isso porque, como haverá um teto anual, a diferença em relação à valorização imobiliária deles nos últimos quatro anos deve ser parcelada.

A prefeitura disse que os contribuintes que vão pagar a diferença cairão para 19% em 2016 e para 3% em 2017.

O secretário de Finanças, Marcos Cruz, afirmou na Câmara que a alta de IPTU foi feita nos moldes da de 2009, sob Gilberto Kassab (PSD).

Segundo ele, em caso de diminuição do teto, mais contribuintes pagarão a diferença nos anos seguintes. "Mas os aumentos médios serão muito menores", afirmou.

O revés na Câmara começou quando a Comissão de Finanças, comandada por Aurélio Miguel (PR), se posicionou contrária ao projeto.

"Não votarei nenhum reajuste que seja um décimo acima da inflação", disse Adilson Amadeu (PTB), que até então vinha votando com Haddad. "Do jeito que está eu não voto", disse Roberto Tripoli (PV), também da base.

Os do PSD estão insatisfeitos com sua participação no Executivo. O PV é contra porque a maior parte de seus eleitores é de classe média, que será atingida em cheio.

Vereadores ligados a igrejas evangélicas (do PSB e PSD) reclamam de não serem recebidos por subprefeitos.

Agora, alguns vereadores querem barganhar cargos e verbas para redutos eleitorais.

"Vamos conseguir aprovar, basta convencer alguns parlamentares", disse João Antonio, secretário de Relações Governamentais de Haddad.

Leia também: Prefeitura sinaliza que reajuste do IPTU de 2014 poderá ser menor

 

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