Pressão por verticalização é questionada em audiência do PDE

Fonte: Câmara Municipal de São Paulo

Os eixos de estruturação da cidade foram tema da audiência pública sobre o Plano Diretor Estratégico nesta sexta-feira (1/11). O novo PDE propõe avenidas e linhas do metrô como focos da transformação da cidade. “Podemos ver, mesmo no Centrão, em volta de bairros que sofrem a passagem da ferrovia, uma série de áreas passíveis de transformação”, exemplificou o secretário de Desenvolvimento Urbano, Fernando de Mello Franco.

A arquiteta e urbanista Raquel Rolnik foi uma das inscritas para questionar o novo PDE. Ela disse concordar com os eixos propostos, porém ressaltou que ele exige um olhar cuidadoso também dos miolos, entre os eixos. Áreas com particularidades, segundo ela, sofrem grande pressão por verticalização e precisam ser protegidas, caso dos sobrados nos bairros do Butantã, Rio Pequeno e Vila Sônia.

Outro ponto levantado por Raquel é a mudança dos coeficientes de aproveitamento (CA) nos eixos e nos miolos. O coeficiente de aproveitamento é o fator que, multiplicado pela área do terreno, indica o quanto pode ser construído. “A proposta anuncia adensamento concentrado nesses eixos e, portanto, aquilo que é miolo estaria mais calmo, menos verticalizado. Isso está expresso através de um CA máximo 2 nos miolos e 4 nos eixos. É preciso examinar com mais cuidado, porque um CA 2 implica sim em verticalização intensa”, criticou.

Mello Franco respondeu que a Prefeitura “não trabalha a favor da verticalização”. “Estamos retrabalhando e reconstruindo conceito de verticalização, nossos parâmetros não se limitam ao coeficiente de aproveitamento”, completou.

Raquel ainda questionou se os eixos irão garantir moradia no centro pelas camadas mais pobres da população. “Uma simples cota máxima de 20 metros quadrados por unidade não garante acesso da população de baixa renda. O hit do mercado imobiliário são estúdios carésimos”, argumentou. Para ela, uma solução seria uma “cota de solidariedade” obrigatória nos eixos.

Transparência

Durante a audiência pública, alguns representantes da sociedade civil questionaram o funcionamento dos debates e o acesso da população às informações específicas de ruas e quadras. Alguns criticaram o formato dos arquivos dos mapas e narraram dificuldades com o site específico da Prefeitura.

Segundo o relator do PDE na Câmara, vereador Nabil Bonduki (PT), os parlamentares irão “ver a melhor forma de mudar isso”. Uma ideia, adiantou, será fornecer essas informações em mapas impressos, no Palácio Anchieta. “Queremos garantir informação para o cidadão que  não sabe ler mapa, não tem computador”, explicou.

O processo de mudança do Plano Diretor Estratégico pode ser acompanhado no site Gestao Urbana SP.

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