Apenas 1,6% dos moradores de favelas e de outros assentamentos irregulares têm curso superior completo, enquanto, em outras áreas, essa porcentagem chega a 14,7%, informou nesta quarta-feira o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) ao divulgar os dados do Censo 2010.
De acordo com os números do Censo, 86,9% dos estudantes das favelas frequentam escola pública, contra 63,7% nos bairros tradicionais, que contam com acesso à escola privada. No total, o IBGE contabilizou 6.329 assentamentos irregulares, entre favelas, áreas de invasão, palafitas e outros abrigos irregulares, um número que equivale a 5% das áreas em que o país foi dividido para a realização do Censo.
O estudo divulgado hoje tem como base os dados do Censo 2010, que procura evidenciar as diferenças entre favelas e outras partes das cidades. "A dimensão das desigualdades entre favelas e outras áreas urbanas foi mostrada pela primeira vez em um estudo", destacou Maurício Gonçalves, pesquisador da Coordenação de Geografia do IBGE, em entrevista coletiva.
Para o especialista, "ter níveis de escolarização tão diferentes mostra dois mundos em um mesmo espaço". Neste aspecto, Gonçalves citou como exemplo os bairros da Glória e de Copacabana, ambos situados na zona sul do Rio de Janeiro e onde cerca de 50% dos moradores das favelas localizadas nestas áreas não concluiu seus estudos primários. Já entre aqueles que vivem em outras áreas dos mesmos bairros citados, 50% tinha estudos universitários.
Em relação à renda, o Censo mostrou que 31,6% das famílias residentes em favelas contam com uma renda média por pessoa de até meio salário mínimo (R$ 339), porcentagem que é reduzida para 13,8% entre aqueles que vivem em outras áreas. Entre as famílias que possui uma renda média de mais de cinco salários mínimos por pessoa (R$ 3.390), apenas 0,9% vivem em favelas e 11,2% em bairros convencionais.
As diferenças também se mostram amplas em relação às famílias com acesso à internet, já que, na favela, apenas 20,2% dos lares tinha um computador conectado à rede, contra 48% das outras regiões.