“Cresce número de passageiros após faixas exclusivas para ônibus em SP” – Bom Dia Brasil

Com corredor exclusivo, velocidade dos coletivos aumentou quase 50%. Economia de tempo faz paulistano trocar carro ou metrô pelo ônibus.
 
Em São Paulo, tem novidade no trânsito. As faixas exclusivas aumentaram a velocidade dos ônibus e também  o número de passageiros em alguns trajetos onde há esse recurso.
 
Se São Paulo tem um trânsito doentio, a prefeitura acredita que o remédio é esse: boas doses de novas faixas de ônibus. Tratamento intensivo para tentar devolver a mobilidade para uma cidade atrofiada pelo excesso de carros nas ruas. Cada paulistano, em média, perde mais de duas horas por dia tentando ir de um lugar para outro.
 
Sete em cada dez acham o trânsito ruim ou péssimo. "Caótico, muito ruim mesmo. Vejo muita confusão, o pessoal muito nervoso porque o trânsito acaba atrapalhando a chegada no serviço", reclama o taxista Alexandre Ribeiro.
 
De janeiro para cá já foram criados quase 250 quilômetros de faixas novinhas, exclusivas para ônibus, que levam gente pra caramba. Ou seja, é menos espaço para os carros, que levam poucos – um só, na maioria das vezes. Por isso tem sido cada vez mais comum ver de dentro do carro parado, os ônibus passando batido pela faixa exclusiva.
 
Os números da prefeitura mostram que as novas faixas exclusivas fizeram a velocidade média dos ônibus subir quase 50%: de 13,8 km/h para 20,4 km/h.
 
Será então que já está valendo a pena deixar o carro na garagem e encarar um ônibus? Para saber, a equipe do Bom Dia Brasil embarcou em um coletivo no horário de volta pra casa.
 
Dá um dó danado de quem está morrendo de cansaço depois do dia de trabalho porque lugar para viajar tranquilo é artigo de luxo. Até onde não tem banco o pessoal senta. De pé, o máximo que dá para fazer é ler um livro, falar com alguém pelo celular, essas coisas. Quem ganha na loteria do ônibus e consegue um cantinho para relaxar um pouco mais logo capota.
 
E o pessoal diz que a coisa piorou bastante de uns tempos para cá; antes não era assim, não. “Um espaçozinho para sentar está mais difícil. Às vezes até para entrar no ônibus”, diz um passageiro.
 
Mas, em compensação, a volta para casa está bem mais rápida. “Eu levava em torno de 2 horas e meia, três horas pra chegar até minha casa. Hoje, 1h40”, conta o auxiliar de manutenção Alex dos Santos.
 
"Hoje eu troco metrô pelo ônibus pra vir trabalhar. Eu pego esse daqui e outro pra minha casa, aí se torna bem mais rápido", diz o auxiliar técnico Danilo Oliveira.
 
Com tanta economia de tempo já tem gente até pensando em vender o carro que ficou em casa. No ano passado, menos da metade dos paulistanos (44%) estava disposta a virar passageiro do transporte público. Agora eles já são quase dois terços – 61%.
 
"Tenho carro e não uso. Pelo tempo, né? O carro no meio do trânsito ali, ele fica parado direto. Então, não tem como", diz o analista de sistemas Paulo Henrique de Lima.
 
Enquanto não são colocados mais – ou maiores – ônibus pra atender essa nova demanda de gente largando mão dos carros, fica o dilema: ou ficar confortavelmente parado durante horas dentro do carro ou chegar mais rápido em casa numa viagem em que, para descansar, só mesmo dormindo em pé.
 
E tem muito motorista que, para fugir do congestionamento, acaba invadindo com o carro a faixa exclusiva para ônibus. O resultado é que de janeiro a setembro deste ano foram aplicadas 424 mil multas por causa dessa infração. É quase o dobro do registrado no mesmo período do ano passado.
Compartilhe este artigo