Fórum sobre mobilidade debate reforma urbana e infraestrutura

Fórum da Mobilidade Urbana foi realizado nesta quinta-feira (7) em São Paulo pela Associação Nacional de Transportes Públicos (ANTP) e Frente Nacional de Prefeitos (FNP).

A primeira mesa de debates do Fórum da Mobilidade Urbana, realizado pela Associação Nacional de Transportes Públicos (ANTP) e Frente Nacional de Prefeitos (FNP) nesta quinta-feira (7), em São Paulo, tratou do tema Reforma Urbana, Infraestrutura e Mobilidade. O arquiteto e urbanista Nabil Bonduki, professor da USP e, atualmente, vereador na cidade, convidado para expor sobre o assunto, foi taxativo: “sem reforma urbana, não vamos conseguir enfrentar o problema da mobilidade”.

Segundo ele, não adianta construir mais linhas e quilômetros de metrô, nem colocar mais ônibus nas ruas, se não for feita uma reestruturação da cidade para as pessoas consigam chegar ao trabalho de forma mais breve. “Temos um modelo de expansão horizontal de moradia popular e concentração de empregos nos centros expandidos”, disse, exemplificando com números. No centro expandido da capital paulista, o percentual de moradores é de 20,70%, enquanto que o de empregos é de 68,60%. Em contrapartida, na Zona Leste os percentuais são de 32,60% e 9,80% e, na Zona Sul, de 26,70% contra 10,70%.

A mudança desse modelo falido, para Nabil, deve ser feita com a reforma do Plano Diretor Estratégico, atualmente em fase de discussão em audiências públicas que vão até o final do mês. No Plano, devem ser contempladas, segundo o vereador, diretrizes como: o adensamento ao longo dos eixos estruturais de transporte coletivo, a limitação do número de garagens, mistura de classes no mesmo espaço urbano, uso misto nos lotes e bairros e habitação mais próxima dos empregos.

Apesar de estar convencido dessa demanda, Nabil admitiu a dificuldade: “É fácil de as pessoas concordarem com o que eu falei, mas é difícil fazer”.
Moderador da mesa, a primeira do dia, o jornalista Paulo Markun argumentou a reforma urbana pode até ser difícil, mas não impossível, e citou como exemplo o edifício Copan, no centro da cidade. “É um prédio que fica no centro, onde pessoas de várias classes dividem espaço e onde há comércio”, disse. 

Para o secretário de Transportes Jilmar Tatto, o problema da mobilidade só não é pior porque o paulistano dispõe do Bilhete Único. “E o prefeito anunciou ontem (6) que no dia 30 de novembro será implementado o Bilhete Único Mensal”, comemorou.

Cide

Apesar de estar pautada para entrar nas discussões da mesa Financiamento do Transporte Público, na parte da tarde do evento, a proposta de utilização da Cide (Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico) para baratear o transporte nos municípios brasileiros acabou ganhando espaço na primeira mesa. 

O consultor de Engenharia de Transportes e colaborador da Rede Nossa São Paulo Horácio Figueira levantou a questão dizendo que a ideia é extremamente válida e que poderia ser implementada em “doses homeopáticas”. “O preço da gasolina pode ser aumentado em R$ 0,50 ao longo de um ano, mês a mês, para baratear a passagem. O dono do carro não iria sentir a diferença, mas o usuário do transporte, sim”, ponderou.

Ele criticou a proposta aprovada anteontem (5) na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado de reserva mínima de 5% da Cide para aplicação em projetos de infraestrutura urbana de transportes coletivos ou não motorizados. “É um projeto infeliz. Não queremos que seja apenas 5%, queremos 100% da Cide para os municípios”, reclamou.

A utilização no transporte de 100% da arrecadação com a Cide é a proposta da campanha “Tarifa mais barata no Brasil, já”, encabeçada pela Nossa São Paulo e Frente Nacional de Prefeitos, veiculada pela Change.org. O abaixo-assinado, que está próximo dos 40 mil apoiadores, será encaminhado em breve para a presidente, deputados e senadores.

O secretário Jilmar Tatto defende a iniciativa. “Esse debate está colocado e acho que é uma boa alternativa”, disse durante o Fórum.

O fórum, realizado no prédio da Uninove da Rua Vergueiro, ainda contou com mesas sobre os temas: Corredores de Transportes, Transporte de Caráter Metropolitano e Financiamento do Transporte Público. 

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