Mulheres são maioria no grupo; maternidade as afasta da escola e dos empregos, diz IBGE.
Em 2012, a geração ‘nem-nem’ representou 19,6% das pessoas na faixa de 15 a 29 anos; em 2002, eram 20,2%.
PEDRO SOARES DO RIO
Um em cada cinco jovens de 15 a 29 anos estava, em 2012, fora do mercado de trabalho e do sistema de ensino. As mulheres eram a grande maioria desse grupo –o que está ligado à maternidade, segundo o IBGE.
Chamados de "nem-nem" por não trabalharem nem estudarem, esse contingente correspondia a 19,6% das pessoas nessa faixa etária em 2012, percentual próximo ao de 2002 (20,2%).
O número ficou praticamente estável em uma década, apesar da maior oferta de emprego e do avanço da renda no período –o que estimula a busca por trabalho.
Estudo da OCDE (entidade que reúne as nações mais desenvolvidas) mostra que o percentual superava, em 2010, 25% para jovens de 20 a 24 anos em países como Itália, México e Espanha.
Trata-se, porém, de uma faixa etária diferente da adotada pelo IBGE.
As mulheres representavam 70,3% dos 9,6 milhões de jovens brasileiros nessa situação em 2012.
Para especialistas, dependendo da renda familiar, o fenômeno pode ser visto como uma opção por cuidar dos filhos ou refletir a falta de creches para as mães deixarem as crianças enquanto trabalham ou estudam.
Os dados integram o estudo Síntese de Indicadores Sociais, divulgado ontem.
A pesquisa mostra que na faixa mais jovem (15 e 17 anos) 88,1% das mulheres estudavam, mas o percentual recuava para apenas 28,5% entre as que tinham filhos.
CRECHES
Para Ana Lucia Saboia, coordenadora da pesquisa, foi a primeira vez que um estudo revelou um predomínio tão grande de mulheres na condição de "nem-nem".
Esse quadro, segundo ela, aponta para a necessidade de políticas específicas para esse grupo, como a maior oferta de creches.
A maior presença de mulheres "nem-nem" contrasta com o aumento de crianças de 0 a 3 matriculadas em creches –de 11,7% em 2002 para 21,2% em 2012.
Ou seja, cresceu a oferta de vagas em creches no país, mas elas ainda são insuficiente para atender a todos.
Para Márcio Salvato, economista do Ibmec, o aumento da renda permitiu à mulher se dedicar aos filhos, especialmente entre os mais ricos.
Para as famílias mais pobres, muitas vezes é mais barato a mãe ficar em casa com as crianças do que pagar alguém para olhá-las.
Ana Amélia Camarano, demógrafa do Ipea, considera a proporção de jovens nessa situação "elevada", ainda mais numa fase de dinamismo do mercado de trabalho.
País tem 9,6 mi de jovens de 15 a 29 anos que não estudam nem trabalham
Esperança de vida ao nascer sobe para 74,6 anos em 2012, diz IBGE
Só Sudeste tem nº ideal de médicos por morador
1/4 dos brasileiros tem plano de saúde; Sudeste concentra médicos
Famílias mais pobres estão mais dependentes de programas sociais
País tem 78,2% das crianças de 4 e 5 anos nas escolas