“Corrupção: Brasil cai três posições em ranking internacional dos países mais limpos” – O Globo


País, que em 2012 ocupava a 69ª posição na tabela da ONG Transparência Internacional, que inclui 177 países, agora está em 72º lugar.
 
Mariana Timóteo da Costa
 
O Brasil caiu três posições no ranking dos países considerados mais limpos ou livres da corrupção. A tabela foi divulgada ontem (3)  pela ONG Transparência Internacional, com sede em Berlim, Alemanha. O país, que em 2012 ocupava a 69ª posição na tabela que inclui 177 países, agora está em 72º lugar — bem atrás de vizinhos como Uruguai, na 19ª posição, ou o Chile, na 22ª.
 
O ranking é feito pela ONG por meio de pesquisas com entidades da sociedade civil, agências de risco, empresários e investidores. Pergunta-se qual a percepção que se tem sobre a transparência do poder público. Depois, a tabela é elaborada através de uma pontuação que vai de 100 (menos corrupto) a zero (mais corrupto).
 
O Brasil obteve 42 pontos, o mesmo que Bósnia-Hezergóvina, São Tomé e Príncipe, Sérvia e África do Sul, países que, no ranking, ficam atrás de outros como Botsuana (30ª posição), Costa Rica (49ª), Ruanda (49ª) ou Turquia (53ª).
 
"O país não está nem no topo e nem no fim da tabela, está lá pelo meio, mas mesmo assim tirou menos de 50, ou seja, foi reprovado", diz Alejandro Salas, diretor de Américas da Transparência Internacional, para quem o Brasil não está fazendo o seu dever de casa para combater o problema da corrupção.
 
Além do mais, segundo ele, “a corrupção não condiz com a importância econômica que o país tem, e nem com suas intenções de ser uma liderança mundial”.
 
Em ano de Copa do Mundo e eleições, Salas acredita que o problema da corrupção será amplamente debatido em 2014 no Brasil. E acha que o país avança, porém, se retrai em muitos aspectos.
 
"Certamente, fatores como o julgamento do mensalão diminuíram a percepção da corrupção em 2013. Mas o que ocorreu não foi suficiente em meio a outros escândalos graves que o Brasil enfrenta, como a máfia dos fiscais ou os escândalos dos trens em São Paulo. Ou seja, o país está estagnado neste quesito", comenta o analista.
 
Há surpresas na lista, como uma recuperação da transparência, em relação a 2012, da Grécia, atualmente em 80º lugar e uma queda da Espanha, para o 40º lugar. Segundo Salas, os dois países, apesar de enfrentarem uma crise econômica profunda, estão adotando diferentes estratégias para sanear as contas e combater a corrupção.
 
A estabilidade das democracias também parecem influenciar o ranking. Países que enfrentam conflitos, como a Síria, o Afeganistão ou a Somália estão no fim da tabela, em 168º e 175º (os dois últimos empatados). Ditaduras como a Coreia do Norte também, em 175º lugar. Países onde há “governos centrais fortes, que controlam várias instituições, como a Venezuela (160ª posição), também apresentam queda vertiginosa”, afirma Salas.
 
"Mais um motivo para o Brasil, uma democracia cada vez mais instituída e pulsante, melhorar sua posição", recomenda o analista.
 
Os países menos corruptos:
 
1º lugar: Dinamarca e Nova Zelândia
3º lugar: Finlândia e Suécia
5 º lugar: Noruega e Cingapura
Os países mais corruptos:
172º lugar: Líbia
173 º lugar: Sudão do Sul
174 º lugar: Sudão
175 º lugar: Afeganistão, Coréia do Norte e Somália
Os países latinos:
19º lugar: Uruguai
22º lugar: Chile
49º lugar: Costa Rica
63º lugar: Cuba
72º lugar: BRASIL
83º lugar: Peru
94º lugar: Colômbia
102º lugar: Equador
106º lugar: Argentina, Bolívia e México
150º lugar: Paraguai
160º lugar: Venezuela
163º lugar: Haiti
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