Com informações do Jornal Hoje
Os postos de combustível de todo o país estão recebendo uma gasolina menos poluente, com teor menor de enxofre. A gasolina mais limpa deve melhorar a qualidade do ar nas grandes cidades, onde os carros são a principal fonte de poluição.
No motor dos carros, o enxofre libera substâncias que poluem o meio ambiente e fazem muito mal à saúde – irrita as vias respiratórias, pode provocar doenças cardiovasculares e até câncer. “Naturalmente, pessoas mais debilitadas como idosos ou com sistemas em formação, como as crianças, serão mais afetadas por esse tipo de poluente. Ou mesmo aqueles que já têm problema respiratório”, explica a professora da UFRJ Suzana Kahn Ribeiro.
O teor de enxofre vem caindo nos últimos quinze anos, mas só agora a nossa gasolina vai se equipar aos padrões de países desenvolvidos. Em 2009, a gasolina tinha 500 miligramas de enxofre por quilo. No ano passado, passou a ter 200 miligramas por quilo. Agora, o teor de enxofre é considerado ultrabaixo são: no máximo 50 miligramas por quilo. Daí o nome: gasolina S-50, que deve reduzir a emissão de enxofre na atmosfera em 94%.
Boa notícia também pro bolso dos motoristas. Testes da Petrobras mostram que com a gasolina S-50 há menos acúmulo de resíduos no motor e nas válvulas dos carros. Assim, os veículos se mantêm eficientes por mais tempo e os gastos com manutenção são menores.
O investimento para produzir esta gasolina foi alto, mas segundo a Petrobras, isso não vai interferir na política de preços da companhia. “A Petrobras está produzindo essa gasolina em todas as suas refinarias, foram 21 unidades que foram construídas, quase R$ 20 bilhões, mas nós sabemos que existe uma política de preços que considera diversos outros fatores então não será esse custo que irá impactar o preço da bomba", explica o gerente desenvolvimento de produtos da Petrobrás Frederico Kremer.
Luta antiga
Tudo começou com a Resolução 315 do Conama, de 2002, que estabeleceu padrões para a emissão de poluentes por veículos automotores, mas cuja implementação teve prazos adiados. A Rede Nossa São Paulo se uniu a outras entidades parceiras para cobrar das autoridades federais e montadoras de veículos o cumprimento da resolução do Conama, que determinou que, a partir de janeiro de 2009, o diesel comercializado no Brasil tivesse, no máximo, 50 partículas por milhão (ppm) de enxofre. Ao logo desses anos, a RNSP realizou uma série de ações para tornar mais limpo o diesel vendido no País. O enxofre é cancerígeno e responsável pela morte de 3 mil pessoas por ano somente na capital paulista, segundo a Faculdade de Medicina da USP.)
Ouça:
– Entrevista do professor Renato Queiroz, de economia da energia da UFRJ, à rádio CBN sobre o assunto: Redução de enxofre na gasolina contribui para que indústria automobilística se equipare a padrões internacionais.
– Entrevista com o jornalista Sérgio Abranches, também para a CBN.