Especialistas apostam que a participação popular será cada vez mais moldadora da cidade que teremos daqui a dez anos.
Por O Estado de S.Paulo
"A ficha está caindo. Acredito que as mudanças vão acontecer de maneira cada vez mais rápida", diz o empresário Oded Grajew, coordenador geral da Rede Nossa São Paulo e do Programa Cidades Sustentáveis. Especialistas apostam que a participação popular será cada vez mais moldadora da cidade que teremos daqui a dez anos. "Os sonhos das pessoas estão mais conectados. Isso faz com que interesses comuns resultem em ações concretas", analisa o ativista cultural José Luiz Goldfarb, curador do Prêmio Jabuti. As ações concretas podem ser desde a criação de uma horta comunitária no bairro até a exigência de participação em tomadas de decisões políticas.
"Viveremos uma melhoria da qualidade do espaço público, porque as pessoas estão exigindo mais parques, mais ciclovias, mais praças", acredita o arquiteto Lourenço Gimenes. "Isso é reflexo de um amadurecimento das pessoas como cidadãs. Elas passam a se perceber melhor como instrumentos da ordenação urbana."
Mas, para o arquiteto Lucio Gomes Machado, a organização política da cidade também tem de se adaptar para uma gestão mais descentralizada e participativa. "O orçamento é gerido por uma Câmara Municipal na qual as pessoas não se sentem representadas. É preciso ter distritos com prefeitos e câmaras eleitas", diz. "Hoje, há responsabilidades tipicamente locais – como se coletar lixo de um trecho de rua e coisas assim – que, por causa da organização atual do município, são transferidas para um âmbito de 11 milhões de pessoas."
Matéria publicada originalmente no caderno especial do Estado de S.Paulo "Para que lado vai São Paulo nos próximos 40 anos?", em comemoração aos 460 anos da capital paulista .