São Paulo reduz consumo de água após política de desconto

Por Fabio Leite e Giovana Girardi, do Estadão

A Companhia de Saneamento do Estado de São Paulo (Sabesp) divulgou ontem, 10, que os moradores da Grande São Paulo reduziram em 500 litros por segundo o consumo de água na primeira semana do programa que dá desconto de até 30% para quem economizar ao menos 20% do gasto. Com o volume seria possível abastecer 268 mil pessoas por dia, ou seja, 3% dos 8,8 milhões que recebem água do Sistema Cantareira na Região Metropolitana.

O plano ainda é a principal aposta da Sabesp para evitar o racionamento generalizado na Grande São Paulo. Ontem, o governador Geraldo Alckmin (PSDB) voltou a descartar a medida e disse que até quinta-feira, 13, vai decidir se utilizará a reserva chamada de “volume morto” do manancial (o fundo dos reservatórios), conforme a reportagem antecipou. A medida acrescentaria mais 200 bilhões de litros de água. Em nota, a Sabesp disse que “agradece aos moradores pelo excelente resultado em uma semana de campanha”.

“O que esse dado mostra é que o efeito do bônus é infinitamente menor do que precisaria ser”, afirmou Helio Mattar, do Instituto Akatu, que faz campanhas para o consumo consciente. Segundo ele, a adoção do bônus é insuficiente porque boa parte da população vive em prédios que não têm medição individualizada de consumo. Com isso, não dá para saber quem gasta mais ou menos, o que acaba não incentivando a adesão.

Especialista em Recursos Hídricos da Poli/USP, Rubem Porto concorda que o momento é muito crítico para se confiar somente no bônus aos moradores. “A gravidade da situação merece um pouco mais de agressividade, quem sabe colocar multas para quem gastou mais”, afirmou. O volume de água do Sistema Cantareira continua caindo. Ontem, 10, chegou a 19,6% da capacidade.

No interior, bairros de Itu já estão recebendo água a cada dois dias. Em Sorocaba, bairros das regiões mais altas continuam sem água.

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Matéria originalmente publicada no jornal O Estado de S. Paulo.

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