A Rede Nossa São Paulo está reivindicando à Sabesp medidas emergenciais e de médio prazo para garantir o uso sustentável da água. Uma carta dirigida à diretora-presidente da empresa, Dilma Pena, foi entregue na última sexta-feira (21). O documento chama a atenção para os índices alarmantes de perda de água tratada nos sistemas de distribuição e aponta exemplos internacionais bem-sucedidos que podem servir de referência para as cidades brasileiras.
O texto informa, por exemplo, que em Tóquio a perda de água tratada é de 3,6%. Barcelona perde 6% e em Mumbai, na Índia, o índice é de 13,6%.
Como o indicador atual em São Paulo é de 25% – de acordo com dados da própria Sabesp –, a Rede Nossa Paulo solicita que a empresa apresente metas de curto e médio prazos para a redução desse índice.
A carta demanda também que a Sabesp assuma a responsabilidade de instalar hidrômetros individuais nos condomínios. Além disso, propõe que a empresa promova campanhas permanentes, voltadas à população, para a redução do consumo de água.
Leia abaixo a íntegra da carta entregue pela Rede Nossa São Paulo à Sabesp:
“À
Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo – Sabesp
A/C Sra. Dilma Pena, diretora-presidente
Nós, da Rede Nossa São Paulo, vimos por meio desta reivindicar à Sabesp medidas emergenciais e de extrema importância para garantir o uso sustentável desse raro e vital recurso que é a água.
Em situações extremas como a que estamos vivenciando nesses dias de escassez de chuva e intenso calor, a necessidade do consumo consciente da água torna-se ainda mais urgente. Mas não é só isso. A perda de água tratada nos sistemas de distribuição, em todo o País, tem índices alarmantes, dezenas de vezes superiores aos de muitas cidades de vários países que já encontraram soluções viáveis e sustentáveis para contornar o problema.
É importante atentar para os indicadores de perda de água tratada em cidades como Chicago (2%), Amsterdam (3%), Frankfurt (3,3%), Tóquio (3,6%), Barcelona (6%), Beijing (12,5%) e Mumbai (13,6%). A atenção a esses dados pode contribuir tanto para se obter informações sobre métodos e técnicas que evitam o desperdício como também para se estabelecer metas de referência para um programa intensivo de redução das perdas de água tratada no Estado de São Paulo e no país.
Nos últimos dias, diante da grave situação dos reservatórios da Sabesp, inúmeras denúncias surgiram nos meios de comunicação sobre vazamentos em diversos pontos da Grande SP que esperavam dias e até semanas para que qualquer providência fosse tomada para estancar a perda.
Por outro lado, as análises sobre o atual fenômeno de verão seco vêm sendo divulgadas desde dezembro, enquanto as medidas de incentivo à economia de água continuaram tímidas e limitadas. Portanto, além das providências técnicas para a manutenção e funcionamento adequados do sistema, há que se implantar campanhas permanentes para o uso racional e responsável deste bem natural que se mostra cada vez mais escasso em diversas regiões do país e do estado.
Diante disso, propomos que a Sabesp assuma a responsabilidade por:
– Apresentar metas de curto e médio prazos para redução dos índices de perdas de água tratada, atualmente de 25% na Grande São Paulo. Um convênio firmado com o governo japonês, em 2012, previa repasses de US$ 440 milhões para acelerar o Programa Corporativo de Redução de Perdas de Água da Sabesp. Já há resultados parciais mensuráveis? Qual é o cronograma do Programa? Quais as ações e metas intermediárias para a redução de perdas?
– Instalar hidrômetros individuais nos condomínios. Sabemos que projetos de lei já foram apresentados e aprovados tanto na Câmara Municipal de São Paulo quanto na Assembleia Legislativa de São Paulo. Entretanto, todas as iniciativas foram vetadas pelo Poder Executivo. Neste cenário, propomos que a própria Sabesp assuma a iniciativa pela instalação dos medidores individuais, o que fará com que a cobrança seja mais justa e o consumo, muito mais consciente.
– Promover uma campanha permanente, não somente em momentos de crise, para incentivar a redução do consumo de água. Ações educativas e de mobilização precisam ser perenes, frequentes e planejadas para alcançarem êxito.
Aguardamos um retorno o mais breve possível e nos colocamos à disposição para contribuir com o poder público, nos limites de nossas atribuições como organização da sociedade civil, para que tenhamos cidades mais justas e sustentáveis.
Atenciosamente,
Oded Grajew
Coordenador Geral da Rede Nossa São Paulo
Maurício Broinizi Pereira
Coordenador da Secretaria Executiva da Rede Nossa São Paulo”