Por Daniela Lima e Eduardo Geraque
O órgão técnico que determina a quantidade de água que pode ser retirada do sistema Cantareira decidiu que a Sabesp precisa reduzir a captação para abastecer a Grande São Paulo. Se confirmada, a decisão tornará inevitável um racionamento.
O sistema Cantareira está operando no pior nível de sua história. Ontem, a capacidade da represa atingiu 16,6%.
Em janeiro, quando o volume de água dos reservatórios se tornou crítico, a ANA (Agência Nacional de Águas) e o DAEE (Departamento de Águas e Energia Elétrica) decidiram criar um grupo técnico para monitorar diariamente a evolução da crise.
Nesta semana, técnicos da ANA que compõem o grupo passaram a defender a redução do volume de água que é retirado dos reservatórios do Cantareira para abastecimento de 8,8 milhões de pessoas na região metropolitana.
O temor é que haja colapso no sistema –com prejuízo inclusive ao abastecimento no interior paulista, como em Campinas e Piracicaba.
Houve debate sobre a decisão dentro do grupo, que também conta com técnicos do DAEE, que é vinculado ao governo estadual, hoje sob o comando de Geraldo Alckmin. No fim, venceu a tese da diminuição no volume usado para o abastecimento.
A Folha apurou que a redução exigida pelos técnicos é grande o suficiente para impedir que o abastecimento da Grande SP permaneça nos níveis atuais. Isso deve levar a Sabesp a adotar um plano de racionamento de água.
A revisão da quantidade de água que pode ser captada é sempre feita com base em simulações que levam em conta o histórico das chuvas na região e o consumo.
O texto da resolução que baixará a medida está nas mãos da direção da ANA para receber a assinatura do presidente. Uma vez publicada, a Sabesp fica obrigada por lei a obedecer à determinação e diminuir a captação de água.
O sistema Cantareira é regulado tanto pela ANA, submetida ao governo federal de Dilma Rousseff (PT), quanto pelo DAEE –que concede à Sabesp, por dez anos, o direito de exploração dos reservatórios do Cantareira.
No início da crise, em janeiro, o governador sustentou que não havia risco de racionamento. Na última semana, o discurso mudou.
Questionado sobre o assunto, Alckmin disse que a decisão seria "técnica".
Agora, surge o relatório do grupo que monitora o sistema Cantareira determinando a redução do abastecimento.
Após a publicação da resolução, a Sabesp terá um prazo para implementar os novos volumes de vazão.
Matéria originalmente publicada no jornal Folha de S. Paulo.