Mesmo diante da pior estiagem da história no Sistema Cantareira, o governador Geraldo Alckmin (PSDB) aposta nas chuvas de março para decidir se haverá ou não racionamento de água generalizado para cerca de 14,3 milhões de habitantes da Grande São Paulo e da região de Campinas que são abastecidos pelo manancial.
O comitê anticrise criado para monitorar a situação do Cantareira já recomendou que a Companhia de Saneamento Básico de São Paulo (Sabesp) reduza o volume de água captado para a Região Metropolitana para evitar um possível colapso do sistema no período de seca, no meio do ano, quando será realizada a Copa do Mundo. Segundo fontes do governo, a medida implicaria em um racionamento de água imediato para a região.
Sua aplicação, contudo, depende do aval do governador. Após semanas descartando a prática, Alckmin afirmou nesta semana que a decisão sobre um possível rodízio de água seria "técnica". Nesta sexta-feira, 28, em Campinas, ele afirmou que a Sabesp não tem plano de racionamento e que a recomendação do comitê é avaliar a crise do Cantareira nas próximas semanas. "O tempo também certamente vai nos ajudar, já que as chuvas têm vindo", disse Alckmin.
O relatório com a recomendação do comitê anticrise deve ser divulgado depois do carnaval pela Agência Nacional de Águas (ANA), do governo federal, e pelo Departamento de Águas e Energia Elétrica (DAEE), do Estado, gestores do Cantareira.
Em nota, o DAEE informou que o comitê não recomendou "um dia específico para eventual redução do volume de captação de água pela Sabesp" e que a medida "não implica, automaticamente, restrição de consumo pela população". A ANA e a Sabesp não se manifestaram sobre a recomendação.
O Estado apurou que Alckmin deve esperar cerca de dez dias para avaliar se o rodízio de água, visto como uma medida desgastante no ano em que tentará a reeleição, é mesmo inevitável. Caso não haja opção, o governador deverá aguardar o melhor momento político para anunciar o corte.
Alckmin espera também que a população economize ainda mais água com o programa de descontos de 30%, criado pela Sabesp, para quem reduzir o consumo em ao menos 20%.
O comitê das bacias dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí (PCJ), que abastecem o Cantareira, prevê em relatório divulgado nesta sexta que chova entre 25 mm e 50 mm na região até terça-feira. O volume, contudo, é inferior ao que foi previsto para os cinco dias anteriores, de 50 mm a 100 mm. Nesse período, o acúmulo de água nas represas do manancial foi de apenas 18,7 mm, segundo o monitoramento feito pela Sabesp.
Matéria originalmente publicada no jornal O Estado de S. Paulo.