Por Letícia Macedo
O governo de São Paulo afirmou nesta terça-feira (11) que ampliará para 3 milhões o número de habitantes da região metropolitana que deixarão de receber água do Sistema Cantareira até o mês de abril. Bombas estão sendo adaptadas para levar água do sistema Guarapiranga, na Zona Sul da capital paulista, também para a região dos Jardins, Brooklin e Itaim Bibi.
Na quinta-feira (6), o governo já havia anunciado que os sistemas Alto Tietê e Guarapiranga passariam a abastecer cerca de duas milhões de pessoas do Cantareira em uma tentativa de reduzir a retirada de água do sistema que atualmente sofre com a falta de chuvas.
“Essa transferência para cobrir a região abastecida pelo Cantareira vai aumentar. Em abril, ficam prontas mais obras, bombas. A gente vai reduzindo a retirada de água do Cantareira à medida que Guarapiranga e outros sistemas entram na integração do sistema”, disse o governador Geraldo Alckmin, graças a uma economia de, no mínimo, 20% no consumo de água.
Antes dos anúncios, o sistema Cantareira abastecia 8,45 milhões de pessoas em municípios atendidos pela Sabesp. Nesta terça, o Sistema Cantareira voltou a registrar queda e o nível do reservatório de água chegou a 15,8%.
De acordo com o governador, a limitação de uma maior integração não está em um problema técnico, mas no limite atingido pelos outros sistemas de abastecimento.
A adesão da população à campanha de redução no consumo e o remanejamento dos sistemas Alto Tietê e Guarapiranga para abastecer uma parcela maior dos habitantes da capital paulista permitiram que a administração cumprisse uma recomendação da Agência Nacional de Águas (ANA) de reduzir a vazão de água retirada do Sistema Cantareira. A determinação previa que a retirada passasse de 33 para 27.9 metros cúbicos por segundo, mas o corte na prática foi ainda maior, de acordo com o governador.
“Saímos de 33,6 metros cúbicos por segundo para 27.3. estamos abaixo da recomendação da ANA e do DAEE”, enfatizou.
Atualmente, com uso racional a economia gira em torno 3,1 metros cúbicos por segundo. “Nós achamos que podemos chegar a 3,5, e até um pouco mais que isso, com essa campanha, com as pessoas ajudando a evitar desperdício”, disse o governador.
Economia de água
O governo ainda descarta a implantação de racionamento. “Essa é uma questão que tem que ser monitorada dia a dia. Estamos frente a um fato excepcional que é a maior seca dos últimos 84 anos. Só tivemos uma seca desse nível em 1930. Estamos abaixo da meta estabelecida sem precisar de racionamento. Ao invés de punir, premiar, estimular uma nova cultura do uso racional da água e a integração de sistemas”, afirmou.
Na manhã desta terça-feira, o governador visitou residências de moradores que conseguiram reduzir em pelo menos 20% o consumo de água, calculado a partir da conta dos últimos 12 meses. A Sabesp afirma que adesão à campanha é crescente e estima que a economia no gasto da água chegue a 6.220 litros por segundo.
Entre as casas visitas está a da costureira Silvia Mendonça, de 54 anos, que costumava pagar uma média de R$ 80,98. Na casa dela, eles conseguiram uma redução de consumo de 21%. Como o bônus de 30%, o valor a ser pago foi para R$ 43. Ela disse que diminuiu o número de vezes que lava roupa e louça em sua casa.
“A gente lava roupa menos vezes por semana. Também lavo a louça uma vez por dia. Como eu trabalho fora, eu consigo fazer isso”, afirmou. A costureira mostrou ao governador um sistema para molhar os vasos de plantas com maior economia. “Há uns três meses eu comprei o catavento e a mangueira e ele jorra água em todos os vasos”, contou.
Matéria originalmente publicada no portal do G1