Por Artur Rodrigues, da Folha de S. Paulo
A gestão Fernando Haddad (PT) adiou a apresentação do texto final do Plano Diretor, que seria feita hoje.
O motivo é a resistência de vereadores que querem mais participação no projeto.
A estratégia é levar o plano a votação depois de construir um consenso em torno dos pontos mais polêmicos.
O Plano Diretor é o conjunto de regras urbanísticas que vai orientar o crescimento da cidade, ao menos, pelos próximos dez anos.
É fundamental para a implementação de promessas de campanha de Haddad, como o Arco do Futuro, um pacote de medidas urbanísticas para desenvolver economicamente regiões periféricas e reduzir grandes deslocamentos de trabalhadores.
O adiamento aconteceu no mesmo dia em que o governo sofreu um revés importante.
Com a casa lotada de manifestantes e pressão da oposição, o PT não conseguiu construir quórum para votar o projeto que possibilita o alargamento e alongamento de vias para a construção de corredores de ônibus -o que poderia causar desapropriação de 7.000 imóveis.
A bancada governista também aceitou alterar o projeto que previa corredor de ônibus na Avenida Nossa Senhora do Sabará (zona sul). Moradores e comerciantes alegam que o corredor vai asfixiar economicamente a região.
A principal aposta do Plano Diretor é justamente aumentar o número de pessoas morando perto de corredores e linhas de metrô. Nos miolos dos bairros, os prédios seriam limitados a oito andares, conforme a Folha revelou.
O relator do plano, Nabil Bonduki (PT), afirmou que os parlamentares da Comissão de Política Urbana querem dar sugestões e ler o texto que será apresentado aos demais vereadores semana que vem.
O vereador José Police Neto (PSD) cobrou mais debate. "Fazer plano é bonito. Tem que saber como paga", diz.
Para ele, sem dinheiro para melhorar a infraestrutura de transportes, a prefeitura corre o risco de só beneficiar o mercado imobiliário.
Alguns são contrários à liberação de espigões em determinados eixos de transporte, por considerar que eles estão saturados. "O centro está caótico, a cidade precisa crescer na zona leste, sul", afirma Roberto Tripoli (PV).
Bonduki rebate afirmando que a estratégia de adensar mais esses locais é adotada em grandes cidades do mundo. "Até porque estimula o transporte coletivo."
O presidente da comissão, Andrea Matarazzo (PSDB), sugeriu a criação da Zona Especial de Economia Criativa, a princípio na República, dando incentivos fiscais.
"Abrangeria cultura, gastronomia, entretenimento, arte, produção audiovisual, desenvolvimento de aplicativos de jogos", afirma.
Matéria originalmente publicada no jornal Folha de S. Paulo.