Por André Monteiro e Artur Rodrigues
A Prefeitura de São Paulo vai anunciar hoje a restrição da circulação de táxis nos corredores de ônibus da cidade, na primeira mudança de regras desde que esses veículos foram liberados, em 2005.
Os detalhes serão anunciados pelo secretário de Transportes, Jilmar Tatto, e pelo promotor Maurício Ribeiro Lopes, que entrou em acordo com a administração municipal após pedir o veto total a esses veículos em corredores.
Em dezembro, Lopes ameaçou entrar com ação contra a prefeitura caso ela não proibisse o acesso dos taxistas dentro de 45 dias.
A ameaça foi feita depois de estudo da própria prefeitura mostrar que os táxis atrapalham a velocidade dos ônibus nesse tipo de via.
A conclusão foi que os usuários de táxi representam apenas 1% da população que é transportada nas pistas exclusivas. Ao todo, são 4,5 milhões de usuários de ônibus por dia e 400 mil em táxis.
Atualmente, o acesso dos táxis é livre nos corredores a qualquer hora do dia, desde que estejam levando pelo menos um passageiro.
A principal proposta estudada pela gestão Fernando Haddad (PT) é proibir a circulação dos táxis nos corredores no horário do rodízio, das 7h às 10h e das 17h às 20h.
Parte da categoria de taxistas diz concordar com a alternativa proposta, mas muitos ainda são contrários a qualquer tipo de restrição.
"O paulistano que deixa o carro em casa por causa do rodízio vai ser prejudicado. Vai ter mais carro na rua e o trânsito vai piorar", afirma Natalício Bezerra, presidente do sindicato dos taxistas autônomos.
Os taxistas pediam, caso houvesse restrição nos corredores, que ao menos fossem autorizados a usar as faixas exclusivas à direita, que hoje são vetadas a eles.
São Paulo possui hoje uma frota de 34 mil táxis.
Estudo
O estudo que baseou a decisão contém simulações feitas pela CET (Companhia de Engenharia de Tráfego), pela SPTrans (empresa municipal de transportes) e pela consultoria Tranzum.
Em todos os cenários, há queda na velocidade dos ônibus devido à presença dos táxis.
Uma simulação feita pela SPTrans na avenida Rebouças mostra que a velocidade dos coletivos cai de 24,4 km/h para 17,1 km/h por causa da concorrência com os veículos particulares. Isso corresponde a 30% de redução.
Simulação mais específica, que leva em conta o cruzamento do corredor da Rebouças com a rua Oscar Freire, aponta diminuição de 78% no pico da manhã e de 44% no pico da tarde na velocidades dos ônibus quando o uso do corredor é compartilhado pelos dois tipos de veículo.
Matéria originalmente publicada no jornal Folha de S. Paulo