Por Daniel Vasques
Construtoras mostram preocupação com proposta que prevê altura máxima para construção nos miolos de bairros.
Para relator do Plano Diretor, eventual impacto nos preços de novos imóveis seria muito pequeno.
O limite de altura de prédios no miolo dos bairros, se entrar em vigor, deverá levar a uma alta dos preços dos imóveis que serão lançados na cidade de São Paulo, dizem representantes do mercado imobiliário.
A regra está entre as propostas para o novo Plano Diretor, conjunto de normas que orientam o crescimento da cidade, conforme informou a Folha na última segunda-feira.
De acordo com o relator do plano, o vereador petista Nabil Bonduki, a regra estabelece que as construções fora das áreas de corredores de transporte público tenham no máximo um térreo e oito andares, medindo aproximadamente 25 metros de altura.
Para Ricardo Yazbek, vice-presidente de legislação urbana do Secovi-SP (sindicato do mercado imobiliário), esse limite gera muita preocupação no setor.
Um dos motivos apontados é que, na visão dele, o plano deve causar um aumento nos custos de construção.
Yazbek explica que uma obra mais baixa tem menor escala de produção e, consequentemente, um menor aproveitamento do terreno. O preço final das unidades também seria maior devido ao repasse desses custos.
"O limite de altura é um acelerador muito contundente para inflação de preços nos miolos dos bairros. E essa pressão vai se alastrar para os corredores e para as periferias. É uma medida que deveria ter sido mais pensada", diz Ricardo Laham, diretor da incorporadora Brookfield.
"Não nos parece razoável que, numa penada, haja uma determinação de limitar a altura para 88% da cidade", afirma Yazbek, do Secovi-SP, citando cálculos da entidade.
Impacto pequeno
Para o vereador Nabil Bonduki, a proposta de restringir a altura de prédios dentro dos bairros está inserida na lógica de adensar as regiões dos corredores. O objetivo é facilitar a mobilidade e atrair pessoas que utilizem o transporte público para essas áreas.
O parlamentar afirma que um eventual impacto inflacionário no preço dos apartamentos seria muito pequeno.
Ele diz ainda que o desestímulo às construções nos miolos de bairros poderá levar a uma queda no preço dos terrenos nesses locais, uma visão que não é compartilhada pelo mercado.
Bonduki acena também para uma eventual flexibilização da restrição do número de pavimentos.
Como o fundamental é preservar locais muito horizontais, pode-se discutir a ideia de não aplicar a medida em áreas já muito verticalizadas, como entre o centro e a avenida Paulista.
O relator diz que o texto final do plano deverá ser apresentado na Câmara Municipal no próximo dia 26.
O plano deverá orientar o crescimento da capital por 16 anos. Após oito anos, será feita uma revisão.
Matéria originalmente publicada no jornal Folha de S. Paulo