Por Dhiego Maia
No fim de cada dia, 34 milhões de "bitucas" de cigarro estão descartadas nas ruas da cidade de São Paulo.
Pequena e dispersa por todo canto, ela parece não incomodar, mas os restos –equivalentes ao consumo de 1,7 milhão de maços– dariam para encher um apartamento de 70 m².
O cálculo é da organização Rede Papel Bituca, que estimou a quantidade do resíduo entre os fumantes da população economicamente ativa da cidade. Recente pesquisa do Datafolha apontou que 21% dos paulistanos fumam.
Regiões com grande circulação de pessoas, alto nível de estresse ou que concentram bares são as mais infestadas de "bitucas".
Roberto Silva, 33, sai do ambiente de trabalho quatro vezes ao dia para fumar. "Sempre jogo a bituca' na vala. Nunca na calçada, porque a chuva vem e leva", diz.
"A bituca' em contato com a água libera substâncias tóxicas e também acaba entupindo a rede fluvial", afirma Rafael Rodrigues, 31, gestor da Rede Papel Bituca.
O resíduo também causa incêndios. Em 2013, os bombeiros atenderam 530 ocorrências do tipo na capital.
A maior cidade do país não dispõe de uma lei que puna quem joga lixo na rua. No Rio, dependendo do volume do lixo descartado, a multa pode superar os R$ 3.000.
Na Câmara de São Paulo, um projeto em tramitação desde o ano passado e aprovado em primeira votação prevê multa de até R$ 100 para os "sujões" flagrados.
Empresas e órgãos públicos de São Paulo têm inserido nos seus espaços, de forma tímida, as chamadas "bituqueiras" –local para depositar o resíduo.
Matéria originalmente publicada no jornal Folha de S. Paulo