Por Luana Copini, da Rede Nossa São Paulo
A Secretaria Municipal de Transportes lançou nesta sexa-feira (21/3) o Laboratório de Tecnologia e Protocolos Abertos para Mobilidade Urbana, que tem o objetivo de desenvolver soluções para melhorias na gestão do transporte, do trânsito e da mobilidade urbana, além de disponibilizar informações para a população.
O laboratório é resultado de uma parceira entre setor público municipal (Secretaria de Transportes, CET, SPTrans e Prodam), empresas privadas, Universidade de São Paulo (por meio da Fundação USP) e Massachusetts Institute of Technology (MIT), dos Estados Unidos.
De acordo com a Prefeitura, a ideia é difundir o conhecimento e ajudar na melhoraria da mobilidade para todos os cidadãos. “Essa é a nossa grande meta e, a partir disso, vamos construir um centro em mobilidade. Vamos gerar conhecimento aberto para a sociedade. A nossa primeira experiência de abertura dos dados foi extremamente bem sucedida, já temos hoje em dia mais de 60 aplicativos rodando com os dados abertos”, relatou Ciro Biderman, chefe de gabinete da presidência da SPTrans.
Ele afirmou que a iniciativa prevê a integração dos modais de transportes existentes na cidade. “Hoje em dia o transporte público é feito de uma maneira, o trânsito de outra. Aqui não tem mais esta perspectiva, são todos juntos. A CET, a SPTrans e todos os modais, os não motorizados sobretudo. Todos serão considerados ao mesmo tempo, pois a tecnologia não deve ser levada só ao motorizado”, acrescentou Biderman.
Jilmar Tatto, secretário dos Transportes da cidade de São Paulo, explicou a necessidade de abrir protocolos para que todas as ações sejam transparentes e acessíveis para o cidadão. “Não dá para a cidade de São Paulo continuar apostando em tecnologias fechadas. Hoje são várias tecnologias que não conversam entre si, e quando você precisa fazer uma programação semafórica, por exemplo, tem que parar no meio do caminho porque não há compatibilidade”, argumentou.
Sobre a parceria com a USP, o professor Eduardo Mario Dias, da Escola Politécnica, declarou que a instituição de ensino está entrando em um grande desafio ao desenvolver estes protocolos abertos. “A integração das tecnologias atuais é o primeiro projeto que está sendo concluído, já temos resultados práticos muito positivos. Então, a ideia é ter outros projetos nesta linha de pesquisa e abrir, principalmente, para a integração de transporte público e de semáforos”, completou.
São cinco as grandes linhas de trabalhos a serem executadas: armazenamento de dados, migração destes dados, produtos ao usuário, validação funcional de equipamentos e estudos de protocolos abertos. E na primeira semana de abril serão abertas as chamadas para as bolsas destinadas a hackers da universidade.
Como funciona?
O Laboratório contará com um investimento de R$ 800 mil em recursos orçamentários. Haverá bolsas de apoio à pesquisa vinculadas e gerenciadas pela Fundação USP, com valores entre R$ 351,90 e R$ 5.908,80. Numa primeira etapa, serão selecionados de 10 a 40 participantes, levando em consideração o currículo dos candidatos.
O modelo de trabalho será o "co-working", ou seja, grupos com focos diferentes em mobilidade no transporte e no trânsito ocuparão o mesmo espaço físico, interagindo e compartilhando informações. O Laboratório está localizado nas dependências da SPTrans, no centro da capital paulista.
Haddad fala sobre mobilidade e mudanças
O prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, participou do evento de lançamento do laboratório, onde formalizou as parcerias e fez algumas declarações sobre as ações da administração municipal na mobilidade urbana. “Exemplificando a questão do viário, estamos segregando faixas exclusivas para ônibus e licitando 150 km de BRT na cidade. Todo mundo sabe, é de conhecimento público, isso já permitiu um aumento de 46% na velocidade dos ônibus e um ganho de 38 minutos por dia para o trabalhador, o que resulta em cerca de 4 horas por semana. É como se reduzíssemos a jornada de trabalho em 4 horas por semana para cada trabalhador de São Paulo.”
Haddad abordou o projeto de lei de alinhamento viário que está na Câmara Municipal. Segundo ele, a proposta, que já foi aprovada em primeira discussão, "visa garantir que as futuras avenidas de São Paulo sejam largas, com calçadas, ciclovias, com espaço para o transporte público, pista de ultrapassagem e, eventualmente, espaço para VLTs [veículo leve sobre trilhos] de superfície, que pode se integrar com monotrilho e metrô”.
O prefeito falou ainda que a cidade não pode repetir erros do passado, entre os quais o de privilegiar o transporte individual e não se preocupar com o equilíbrio da cidade, do ponto de vista da distribuição de oportunidades e empregos. "A informática é uma aliada que pode trazer grandes ganhos de produtividade para o sistema de mobilidade, sobretudo se quebrarmos os protocolos”, concluiu.