Por Adriana Ferraz
Texto final propõe metragem média para prédios em avenidas com transporte público; garagens serão limitadas.
Apresentado nesta quarta-feira, 26, na Câmara, o texto final do novo Plano Diretor de São Paulo reduz a área útil dos apartamentos ao longo de avenidas abastecidas pelo transporte público, como corredores de ônibus e linhas férreas. Nessas áreas, a proposta estabelece uma média de 80 m² por unidade. O teto não impede, porém, que opções com mais de 100 m² sejam construídas, desde que mescladas com modelos menores no mesmo empreendimento.
Relator do projeto de lei, o vereador Nabil Bonduki (PT) explica que a intenção é garantir um maior adensamento populacional, evitando unidades muito grandes. "O que queremos é mais gente morando nas mesmas construções", disse. Segundo ele, a nova fórmula não visa a vetar prédios de alto luxo, apenas otimizar os espaços da cidade dotados de infraestrutura.
Com a liberação de prédios nos chamados eixos de transporte, a Prefeitura deixará de estimular a construção de garagens e passará a cobrar mais caro de apartamentos com duas vagas. O novo Plano Diretor acaba com a obrigatoriedade de os empreendedores reservarem uma quantidade mínima de estacionamento por edificação – com a intenção de fomentar o uso do transporte público. Agora, o construtor é que vai decidir se fará ou não a garagem. Para o vereador Andrea Matarazzo (PSDB), trata-se de uma mudança conceitual importante. "São Paulo estava muito obsoleta em relação a isso."
Para o presidente do Sindicato da Habitação de São Paulo, Claudio Bernardes, o mercado poderá assimilar mudanças, desde que haja demanda. "O conceito do plano é bom, mas só deve funcionar onde há transporte público de qualidade."
Matéria originalmente publicada no jornal O Estado de S. Paulo