Conta única em prédios explica baixa adesão, afirma presidente da empresa. Edifícios residenciais compõem grande parte dos 24% que aumentaram consumo nos últimos dois meses
Por Heloisa Brenha
Ampliada para quase toda a Grande SP, a campanha pela redução do consumo de água promovida pela Sabesp encontra resistência entre um grupo que representa 11% de seu total de consumidores: os moradores de condomínio.
"Os condomínios foram os que menos contribuíram com essa campanha até agora, porque, como eles têm um único micromedidor [hidrômetro], as pessoas não têm contato direto com a fatura da água", afirma Dilma Pena, presidente da companhia.
Segundo ela, os prédios de apartamentos compõem parte significativa dos 24% da população que aumentou seu consumo de água nos últimos dois meses, quando já estava em vigor o bônus na conta de usuários do sistema Cantareira que poupassem água.
Outros 76% economizaram água, mas só cerca de metade deles atingiu os 20% necessários para obter o desconto de 30% na conta oferecido pela companhia.
Custo diluído
Segundo a Sabesp, o rateio da conta dilui o custo da água no condomínio, de maneira que o cliente perde sua percepção de consumo.
Para Hubert Gebara, vice-presidente de condomínios do Secovi-SP (sindicato do setor imobiliário), a explicação da companhia é pertinente. "O condômino só vê o custo da água se prestar atenção na prestação de contas do condomínio, coisa que raramente acontece", diz Gebara.
Segundo ele, prédios que individualizam as contas de água entre os apartamentos conseguem uma redução no consumo e nas despesas.
"Além de ser mais justo, pois cada um é cobrado pelo que consome, tira a maior parte dos gastos de água, que muitas vezes chegam a 15% do valor do condomínio", diz.
Síndico de um condomínio na Vila Mascote (zona sul) Alex Campos, 39, diz que o prédio diminuiu em cerca de 30% as despesas depois que cada apartamento passou a pagar por suas próprias despesas com água.
"Reduzimos os gastos coletivos e individuais porque só vendo a conta para perceber o quanto cada um gasta. Agora, um vizinho não precisa pagar pelo luxo do outro", afirma.
Matéria originalmente publicada no jornal Folha de S. Paulo