Prefeitos da América Latina debatem financiamento do transporte público

Em mesa-redonda realizada nesta quarta no Fórum Urbano Mundial, em Medellin, na Colômbia, o prefeito Fernando Haddad expôs a realidade do financiamento do transporte público da capital.

Por Secretaria Executiva de Comunicação da Prefeitura Municipal de São Paulo

O prefeito Fernando Haddad debateu nesta quarta-feira (9) a cooperação entre as cidades latino-americanas em busca do financiamento do transporte público durante mesa-redonda no 7º Fórum Urbano Mundial, em Medellin, na Colômbia. O encontro, realizado no Hotel San Fernando Plaza, reuniu mais de 50 prefeitos e dirigentes municipais da América Latina.

Na abertura do debate, Haddad expôs a realidade do financiamento do transporte público em São Paulo e afirmou que todas as metrópoles latino-americanas vivem situação semelhante. “Com o desenvolvimento econômico de nossos países nos últimos dez anos, as frotas de veículos de transporte individual praticamente dobraram de tamanho. As vias são as mesmas, os viários são os mesmos e o número de veículos é muito maior”, disse.

O prefeito afirmou ainda que a pressão sobre os custos e a qualidade dos transportes coletivos se contrapõem ao volume de subsídios, que a cada dia torna-se mais alto para as cidades. “As manifestações de junho passado em São Paulo tinham como programa máximo a tarifa zero. E como programa mínimo o congelamento indefinido da tarifa”.

Haddad falou também como primeiro vice-presidente da Frente Nacional de Prefeitos (FNP) e sustentou que os recursos de uma majoração no imposto sobre a gasolina poderiam compor um fundo para o subsídio do transporte coletivo. “O transporte individual é uma espécie de privatização do espaço público e deveria pagar por isso”, afirmou o prefeito, que encerrou sua participação no evento retorna nesta quarta-feira para a capital.

Com a citação de um estudo da Fundação Getúlio Vargas, o prefeito reiterou que há elementos econômicos e ambientais associados ao modelo de subsídio cruzado. “O impacto seria deflacionário, porque o custo da gasolina pesa menos no índice inflacionário do que o de transporte. Há um impacto distributivo, uma vez que quem usa ônibus tem menos renda; há um impacto do ponto de vista ambiental, uma vez que o transporte individual é mais poluente do que o coletivo; promoção da produção de combustíveis menos poluentes como o etanol, que seria favorecido pelo aumento do preço da gasolina e, finalmente, uma maior mobilidade urbana, com a inibição do uso do carro e o desestímulo ao automóvel haveria uma maior fluência dos veículos coletivos”.

O encontro terminou com a convergência dos dirigentes municipais para a necessidade de se encontrar uma nova forma de financiamento do transporte público e a convicção de que os subsídio cruzado com o consumo da gasolina, se não for o modelo ideal, é o que mais se aproxima da realidade das cidades latino-americanas.

O secretário municipal de Relações Internacionais Leonardo Barchini convidou os dirigentes para uma apresentação que será realizada amanhã (10) na Frente Nacional de Prefeitos (FNP), no qual serão expostos diversos modelos de financiamento do transporte público em todo o mundo.

Fórum Urbano Mundial

Realizado a cada dois anos, o Fórum Urbano Mundial é o evento sobre cidades e desenvolvimento urbano mais importante do mundo. O evento conta com atividades diversas como mesas redondas, capacitação e assembleias de jovens, de gênero e de negócios. Organizado pela ONU-Habitat, a 7ª edição deverá reunir mais de 25 mil pessoas de mais de 160 países. Além da discussão da agenda de desenvolvimento pós-2015, o evento é o último antes do Habitat III, que acontece a cada 20 anos.

Matéria publicada originalmente no portal da Prefeitura Municipal de São Paulo.

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