Foram 702,6 milhões de viagens no 1º trimestre do ano, ante 688,3 milhões no mesmo período de 2013; SPTrans diz que faixas contribuem para aumento
Por Caio do Valle e Mônica Reolom
O serviço de ônibus de São Paulo registrou 14 milhões de viagens a mais no primeiro trimestre deste ano, em comparação com o mesmo período do ano passado. Foram 702,6 milhões de viagens de janeiro a março, ante 688,3 milhões nos mesmos meses de 2013, crescimento de 2,7%. Os dados são da São Paulo Transporte (SPTrans).
Em janeiro, o Estado já havia revelado que, em 2013, a rede de ônibus da SPTrans registrou 6 milhões de viagens a mais do que no ano anterior, chegando a 2,923 bilhões de viagens – o crescimento maior foi verificado nos últimos três meses do ano.
A SPTrans credita o aumento no primeiro trimestre de 2014 ao "conjunto de medidas" tomadas pela gestão do prefeito Fernando Haddad (PT) para privilegiar o transporte público. Especialistas, no entanto, consideram o aumento ainda pequeno e acreditam que outros fatores, como o seccionamento de linhas, podem ter provocado a variação no número de viagens.
Entre as ações destacadas pela SPTrans estão a criação das faixas exclusivas para ônibus – 324,4 km até ontem, mais do que o dobro prometido por Haddad para todo o mandato. Em estudo divulgado em dezembro, a Prefeitura informou que as faixas reduziram, em média, em 38 minutos o tempo de deslocamento dos ônibus.
O Metrô, por outro lado, registrou, em 2013, queda na média de passageiros transportados nos dias úteis. Embora a redução seja pequena, de 3,750 milhões para 3,743 milhões por dia, é a primeira vez que isso acontece desde 2004.
Mais rápido
A passageira Ivani de Souza diz que tem preferido pegar ônibus a metrô. "Tenho notado que aumentou o número de passageiros (nos ônibus), mas metrô é muito mais lotado", afirma. O analista Rodrigo Silva, de 23 anos, concorda que os coletivos estão mais cheios, mas, por outro lado, também estão mais rápidos. "Embora o conforto continue a desejar."
O urbanista e consultor de Transportes Flamínio Fichmann discorda dessa avaliação. Para ele, o seccionamento de muitas linhas pela SPTrans no ano passado forçou grande número de passageiros a pegar mais ônibus para vencer os mesmos percursos (leia mais nesta página). Para Alexandre Winkel, consultor de Trânsito e Transportes, porém, passageiros estão migrando para os ônibus. "O congestionamento está insuportável e provoca uma mudança direta do usuário. A faixa trouxe um benefício direto. Apesar disso, acho que o número de pessoas migrando poderia ter sido maior."
Matéria originalmente publicada no jornal O Estado de S. Paulo