Enquanto por dentro, São Paulo cria corredores de ônibus municipais, na porta de entrada da Capital um milhão de ônibus intermunicipais se locomovem como podem
De Bruno Martins, do Projeto Repórter do Futuro, para a Rede Nossa São Paulo
São Paulo recebe diariamente um milhão de pessoas vindas de outros municípios, que trabalham e/ou estudam na capital. Ao todo é como se os moradores de Guarulhos, 1.221.979 pessoas, segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – Censo 2010), se locomovessem todos os dias para São Paulo. Mesmo com este alto número o Plano Diretor Estratégico do município não propõe um debate a cerca de melhorias no setor de transporte intermunicipal.
Os ônibus intermunicipais contribuem, significativamente para o acúmulo de veículos nas principais entradas da capital, pois são realizadas 1.894.000 viagens diárias, o que representa 26% da frota paulistana. Os dados são da pesquisa de mobilidade da Região Metropolitana de São Paulo realizada pelo Metrô e divulgada no último mês.
Para Horácio Augusto Figueira, consultor de Engenharia de Transporte de Pessoas, o problema com o trafego intenso causado pelos coletivos intermunicipais é um assunto a ser resolvido entre a Prefeitura de São Paulo, a secretaria de Transportes Metropolitanos e o Governo do Estado: “O que precisa ser feito de imediato é a criação de faixas exclusivas de ônibus nas principais rodovias que dão acesso à Capital Paulista, um estudo precisa ser feito para detectar os horários que essas linhas mais circulam em direção à Capital e assim implantá-las e fazê-las funcionar”, disse.
Horácio garante que as faixas exclusivas trazem resultados imediatos e acredita que elas ajudariam a diminuir o trafego intenso de veículos principalmente nos feriados prolongados.
De acordo com o consultor o problema viário vem desde 1950, onde o país deixou de investir em malhas ferroviárias e apostou suas fichas nas rodovias “Podemos pensar sim na possibilidade de substituir o transporte viário pelo ferroviário, mas é uma proposta que custará caro e demandará de 30 anos a 50 anos de investimentos, e São Paulo e o Estado precisam de uma solução rápida que trará resultados na mesma proporção”, ressalta.
Quem se beneficia do alto número de passageiros é a Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos – EMTU, que gerencia atualmente 4.800 coletivos intermunicipais. Suas linhas transportam em média 45 milhões de passageiros por mês, o que representa 1,7 milhão de usuários por dia, destes 80% tem como destino a Capital Paulista.
Os ônibus e a mobilidade urbana dentro de São Paulo
Olhando para as soluções tomadas dentro da capital, na cidade onde circulam 14.748 ônibus municipais, são realizadas 3.572.000 viagens por dia. Dentro do plano de metas do governo está à construção de 150 km de corredores de ônibus.
Frederico Bussinger, ex-secretário Municipal de Transporte de São Paulo defende a racionalização de algumas linhas municipais que transportam poucos passageiros, outras que chegam a circular, até mesmo vazias, para ele, isso representa custo adicional: “São linhas desnecessárias e os órgãos responsáveis precisam ter método e peito político para tratar essas questões”, disse.
A SPtrans afirma que não houve redução de nenhuma das frotas de ônibus, no último ano em São Paulo, segundo assessoria de imprensa, o que houve foi a substituição de algumas linhas e algumas divisões em trechos.
Para a administração atual as mudanças beneficiam direta e exclusivamente o usuário, que terá como alternativa, trajetos mais curtos e rápidos pagando apenas uma tarifa com o bilhete único.
Bussinger acredita, que a mobilidade tem a ver com a qualidade de vida das pessoas e economia da cidade: “Muitos hesitam em fazer alguma coisa para se distrair, pois já está tarde, ou seja os serviços de transportes públicos afetam nossa forma de viver, por isso se garantirmos a mobilidade, garantimos cidadania às pessoas”, finaliza.
*A matéria foi elaborada com bases na 4ª Conferência de Impressa do Projeto Repórter do Futuro, 7º Curso Descobrir São Paulo – Descobrir-se Repórter, promovido pela Oboré, Abraji e Escola do Parlamento, na Câmara Municipal de São Paulo. Saiba mais: 7º Curso Descobrir São Paulo – Descobrir-se Repórter.