Fenômeno climático que provocaria chuvas durante o inverno e aliviaria seca não será tão intenso neste ano, segundo meteorologistas
Por Fabio Leite
Aguardado com otimismo pelo governo paulista para amenizar a crise de estiagem do Sistema Cantareira, o fenômeno climático El Niño, previsto para este inverno, pode não ter intensidade suficiente para provocar chuvas significativas na Região Sudeste e ainda deve atrasar o início da temporada chuvosa, segundo previsão da empresa de meteorologia Climatempo.
"Há uma sinalização de El Niño para julho e agosto, mas que não deve refletir no aumento significativo da chuva na Região Sudeste. Será mais na Região Sul do País. O que pode acontecer é um atraso do período chuvoso na região, porque o El Niño altera o padrão de circulação da atmosfera e pode impedir a chegada da umidade que vem da Amazônia. Em vez de começar em meados de setembro, as chuvas podem ficar para outubro", explica o meteorologista Marcelo Pinheiro.
Causado por um aquecimento anormal das águas superficiais no Oceano Pacífico, o El Niño, normalmente, provoca muita chuva no Sul, seca no Nordeste e calor acima da média no Sudeste, com irregularidade no regime de chuvas. Segundo a Administração Oceânica e Atmosférica Nacional do Estados Unidos (NOAA, na sigla em inglês), a chance de desenvolvimento do El Niño aumenta para 60% em junho e fica superior aos 70% em agosto.
Com base nessas informações, o Núcleo de Gerenciamento de Emergências da Coordenadoria Estadual de Defesa Civil de São Paulo prevê que os meses de maio, junho e julho serão "ligeiramente chuvosos e pouco acima da média climatológica". "Em agosto e setembro, o padrão de chuvas fica mais próximo da neutralidade" e "em outubro e novembro as chuvas ficam ligeiramente abaixo da média, voltando ao padrão chuvoso em dezembro."
Segundo o secretário estadual de Saneamento e Recursos Hídricos, Mauro Arce, essas projeções, aliadas ao uso do volume morto do Cantareira e à redução do consumo de água pela população, vão garantir o abastecimento até março de 2015. Nesta sexta-feira, 9, o nível do Cantareira caiu para 9,2% da capacidade.
Matéria originalmente publicada no jornal O Estado de S. Paulo