Por Olivia Alonso e Fernando Torres, do jornal Valor Econômico
O bombeamento de água do chamado volume "morto" do Sistema Cantareira terá início nesta quinta-feira, dia 15, conforme prometido pelo governo, informou ontem ao Valor o secretário do Saneamento e de Recursos Hídricos do Estado de São Paulo, Mauro Arce.
Segundo ele, a partir de quinta-feira quatro bombas que já estão em fase de testes começarão a funcionar e a bombear água do "volume técnico" do reservatório Jaguari-Jacareí para o uso da Sabesp. Do total de 239 milhões de metros cúbicos do "volume morto" apenas dessa represa, a primeira do sistema Cantareira, o governo e a empresa de saneamento do Estado pretendem contar com 182 milhões de metros cúbicos. Na prática, a medida equivale a elevar o nível operacional do sistema, que é de 982 milhões de metros cúbicos, em 18,5 pontos percentuais.
Se considerado o nível atual, que ontem marcava 8,8%, isso significa que a medição subirá para perto de 27%, o que deve dar uma folga não apenas física como psicológica até que passe o período menos chuvoso do ano.
Segundo o secretário, o bombeamento será suficiente para evitar o racionamento de água, em uma simulação que considera a repetição do pior cenário em termos de seca, de acordo com o histórico de 85 anos, para cada um dos próximos meses.
Sobre a cobrança da chamada tarifa de contingência para o consumidor que elevar o consumo de água, Arce informou que ela ainda está em discussão no governo e não há uma data para o início de sua aplicação.
Segundo ele, que defende a medida, essa espécie de multa vai ajudar no controle do consumo de água e é importante para que a população se habitue a gastar menos, mas o governo e Secretaria de Saneamento e Recursos Hídricos ainda estão avaliando como seriam as regras.
A maior vantagem da medida, na visão do secretário, seria justamente a questão da educação da população, já que o ganho de receitas que a Sabesp deverá ter com o aumento do consumo – e a aplicação da tarifa – será pequeno. "E o ideal é que esse ganho seja zero, ou seja, que ninguém eleve o consumo", afirmou.
Em abril, 19% da população de São Paulo elevou o consumo de água, enquanto 42% das pessoas reduziram o suficiente para ter direito ao desconto na conta – com a parcela restante tendo diminuído o gasto, mas em menos de 20%. Em março, a adesão ao programa de economia havia sido pior: 24% dos consumidores haviam aumentado o uso de água, enquanto 39% tiveram direito ao bônus.
A princípio, a ideia é a de que seja cobrada uma tarifa de quem consumir mais durante o mês do que consumiu em média, ao mês, no ano passado. Qualquer aumento do uso de água já seria taxado, diferentemente do que ocorre com o bônus para quem reduz o gasto, que é de 30% para o consumidor que corta o uso de água em 20%.
Matéria publicada originalmente no jornal Valor Econômico.