Mais de um terço dos moradores da cidade de São Paulo enfrentou problemas no fornecimento de água no último mês, segundo pesquisa feita pelo Datafolha.
Os entrevistados foram questionados nos dias 21 e 22 de maio sobre se o abastecimento de casa havia sido interrompido alguma vez nos últimos 30 dias —35% disseram que sim.
Do total, 15% afirmaram que o problema tem ocorrido com "muita frequência", quase o mesmo índice (13%) dos que responderam haver "um pouco de frequência" na interrupção. A margem de erro é de três pontos percentuais.
A Sabesp e o governo negam haver qualquer tipo de racionamento, mas moradores de diversas regiões têm reclamado de cortes de água em períodos fixos do dia, principalmente nas madrugadas.
Uma delas é Natalia Ucci, 38, proprietária de um restaurante no Parque Novo Mundo (zona norte). Ela diz que há dois meses as torneiras ligadas no abastecimento da rua têm ficado sem água.
"Começou parando às 22h, mas agora às 21h não vem água mais. Parei de servir jantar e tive que adaptar o cardápio para não gastar a água armazenada na caixa, que deixamos para os banheiros."
A empresa de saneamento diz que não há cortes e que falhas pontuais ocorrem devido à redução de pressão na água distribuída.
A capital e a região metropolitana enfrentam uma crise desde o fim de 2013 com os reservatórios do Cantareira, de onde sai a água de quase 9 milhões de pessoas, chegando ao limite. Na capital, o sistema abastece 53 dos 96 distritos -todo o centro e a zona norte e parte das outras três regiões.
O governo culpa um período de seca recorde e o aumento do consumo, mas analistas dizem que houve falhas no planejamento.
A crise da água preocupa o governador Geraldo Alckmin (PSDB), que tentará a reeleição em outubro.
O Datafolha ouviu 825 pessoas. A pesquisa com a percepção do paulistano sobre questões ambientais será apresentada no Fórum de Sustentabilidade, promovido pela Folha.
Matéria originalmente publicada no jornal Folha de S. Paulo