Por Artur Rodrigues e César Rosati
A Prefeitura de São Paulo afirmou que pretende retirar até 40 mil vagas de estacionamento no centro da cidade para a construção de ciclovias.
A informação foi dada pelo secretário municipal de Transportes, Jilmar Tatto. O custo por km para a construção das ciclovias, segundo Tatto, é de R$ 200 mil.
A prefeitura prometeu construir 400 km de vias cicláveis (ciclovias, ciclorrotas e ciclofaixas) até o fim da gestão Fernando Haddad (PT). Agora, a meta se tornou mais ousada. Tatto afirmou que contruirá essa quilometragem só de ciclovias, que é permanente segregada e exige investimento muito maior.
Há em São Paulo atualmente 63 km de ciclovias.
Um mecanismo permitindo a retirada das vagas, incluindo as de zona azul, é uma demanda de cicloativistas no novo Plano Diretor.
Na terça-feira (3/6), eles se reuniram com moradores da Comissão de Mobilidade Humana, na Câmara Municipal, para tratar do tema.
O principal assunto, porém, foi a cobrança pela reserva de verba para a criação de malha cicloviária no Plano Diretor.
O plano é o conjunto de regras para o crescimento da cidade nos próximos 16 anos, que deve ser votado até a Copa do Mundo.
Os ciclistas querem garantir uma parte do do Fundurb (Fundo de Desenvolvimento Urbano) para a implantação do sistema cicloviário. A previsão de verba no fundo para este ano é de R$ 498 milhões.
As principais entidades de incentivo ao uso de bicicletas da capital fizeram um abaixo-assinado na semana passada, que conseguiu cerca de 18 mil assinaturas.
"Queremos garantir os recursos para que o prefeito [Fernando Haddad] cumpra suas metas", diz Daniel Guth, diretor de participação da Ciclocidade (Associação de Ciclistas Urbanos).
Guth afirmou que a maioria das demandas dos ciclistas deverá entrar no plano. No entanto, segundo ele, os vereadores ainda estudam como atender à demanda de vinculação de verba, provavelmente incluindo a reserva para ciclovias na mesma categoria do dinheiro para melhoria das condições para os pedestres.
O relator do plano, vereador Nabil Bonduki (PT), afirmou ser simpático à ideia.
"Uma das prioridades do plano é a mobilidade não motorizada", afirmou o relator do Plano Diretor, vereador Nabil Bonduki.
Bonduki disse, porém, que ainda tem de consultar o poder executivo sobre a reserva de receita, já que esse tipo de medida normalmente é vista como algo que "amarra" a execução orçamentária.
Segundo ele, o texto final do plano incluirá várias demandas dos ciclistas. Uma das principais está o dispositivo que prevê a construção de ciclovias junto aos corredores de ônibus.
Matéria originalmente publicada no jornal Folha de S. Paulo