Por ARTUR RODRIGUES e EDUARDO GERAQUE, da Folha de S.Paulo
Obras que estão entre as principais promessas de Fernando Haddad (PT) ainda não foram iniciadas após 18 meses à frente da prefeitura. A lista inclui objetivos complexos e demorados para os próximos dois anos e meio de governo, como construir corredores de ônibus e hospitais.
Após não conseguir reajustar o IPTU e devido à tramitação demorada, em Brasília, de um projeto para a renegociação da dívida do Estado e da cidade de São Paulo, a administração enfrenta problemas financeiros.
As principais marcas da gestão têm sido ações que dependem de pouca verba. Estão nessa lista a criação de faixas exclusivas de ônibus, do programa Braços Abertos (que atende viciados na Cracolândia) e da Controladoria Geral do Município (que descobriu a máfia do ISS).
A gestão tem dificuldades para fazer obras que necessitem de desapropriações e pagamento de contrapartidas em obras financiadas pelo PAC (do governo federal).
Há também problemas de licitações suspensas pelo TCM (Tribunal de Contas do Município) que atrapalham o início de obras complexas.
O principal projeto de mobilidade de Haddad, criar 150 km de corredores de ônibus, está nessa situação.
O cronograma das obras prevê a entrega de alguns trechos no segundo semestre de 2016. Para o consultor em transporte Flamínio Fichmann, a cada dia fica mais difícil que Haddad deixe toda a quilometragem prometida.
"Já daria para as obras terem começado tranquilamente", diz Fichmann. "Se for fazer BRT (corredor com espaço de ultrapassagem e cobrança externa de passagem), fica apertado o prazo porque envolve desapropriações, estações, cruzamento invisível (túnel)."
Há 36 km de corredores em construção, mas a licitação dessas vias já havia sido iniciada na gestão anterior, de Gilberto Kassab (PSD).
Haddad pegou o impulso dos protestos de junho de 2013 e espalhou faixas de ônibus pela cidade. A meta era fazer 150 km e foi superada. Até agora já são 337 km. Elas são mais baratas e rápidas de fazer, mas menos eficientes que os corredores.
EDUCAÇÃO E SAÚDE
Haddad prometeu criar 150 mil vagas de educação infantil. Porém, de 243 creches previstas, foram entregues 26, de acordo com balanço do fim de abril. Outras 7 estão em obras. Ao menos 10 dos 20 CEUs (Centros Educacionais Unificados) prometidos não passaram pela fase de licitação.
Na saúde, as obras de três hospitais também não começaram. As unidades Brasilândia (zona norte), Parelheiros (zona sul) e Penha (zona leste) estão em processo de licenciamento e licitação.
No entanto, a prefeitura articulou a abertura de uma quarta unidade, o hospital da Vila Santa Catarina, no Jabaquara (zona sul), em convênio com o hospital Albert Einstein. Trata-se de um antigo hospital particular que será reformado e deverá ser aberto no início de 2015.
Na área da habitação, foram entregues cerca de 2.400 habitações e outras 13 mil estão em andamento. A promessa é de 55 mil unidades.
A inspeção veicular, que passaria a ser gratuita, e não mais feita pela empresa Controlar, foi interrompida. A nova licitação está suspensa.
Matéria publicada originalmente na Folha de S.Paulo.