Por Artur Rodrigues
A discussão sobre a nova lei de zoneamento abrirá espaço para a criação de áreas que funcionem 24 horas por dia em São Paulo.
A proposta já está sendo encampada pelo relator do Plano Diretor, vereador Nabil Bonduki (PT), principal articulador dos planos de mudanças urbanísticas da gestão Fernando Haddad na Câmara Municipal.
O objetivo das áreas 24 horas é estimular a vida noturna em alguns lugares, como no centro velho.
O Plano Diretor recém-aprovado pelos vereadores traça diretrizes do crescimento da cidade por 16 anos. Mas é a lei de zoneamento que definirá as regras de uso e ocupação para cada um dos quarteirões da capital.
A proposta da prefeitura deve começar a ser debatida na Câmara no início de 2015.
A ideia é situar as áreas de funcionamento dia e noite em locais pouco residenciais.
"Deveríamos criar zonas 24 horas em áreas onde não existam moradores, onde essas atividades de forte impacto deveriam se estabelecer", afirma Bonduki.
"O centro velho, entre outros locais onde se concentram comércio e serviços, poderia abrigar essas atividades", completa.
Um dos vereadores mais próximos de Haddad, Bonduki deverá encaminhar a lei de zoneamento na Câmara.
A primeira discussão sobre a norma será na próxima quarta (16), em reunião do Conselho de Política Urbana.
"Não podemos deixar repetir o caos da Vila Madalena [invadida por turistas madrugada adentro na Copa]", afirma Bonduki.
Secretário municipal de Desenvolvimento Urbano, Fernando de Mello Franco diz que áreas de antigos galpões subutilizados poderiam abrigar "usos incômodos", como indústrias e baladas.
"Mas não podemos cair no paradigma de Brasília, onde em uma zona se trabalha e em outra as pessoas têm lazer", pondera.
Marco Antonio Ramos de Almeida, da associação Viva o Centro, afirma que não basta uma lei para aumentar a vida noturna na região.
Para ele, é necessário aperfeiçoar a limpeza e a iluminação e melhorar a sensação de segurança em São Paulo.
Pressão
O debate sobre o zoneamento ampliará a pressão sobre os vereadores após a tensa aprovação do Plano Diretor no último dia 30.
Entre os lobbies mais frequentes na Câmara estará a cobrança de moradores para evitar que bairros ganhem muitos prédios ou se transformem em pontos de concentração de baladas.
Matéria originalmente publicada no jornal Folha de S. Paulo