Por Caio do Valle
Ideia da Prefeitura é que os dados sirvam para informar melhor a população nos pontos e combater a superlotação nos coletivos.
A superlotação dos ônibus deve ganhar um inimigo tecnológico. O escolhido para combater o problema responde pelo nome de contador de passageiros, pequeno aparelho instalado sobre as portas de entrada e saída dos coletivos. Ele terá a função de registrar e remeter dados para uma central da São Paulo Transporte (SPTrans). A partir disso, a Prefeitura poderá socorrer, em tempo real, os itinerários abarrotados.
A gestão do prefeito Fernando Haddad (PT) espera que esse sistema esteja concluído até o fim do ano que vem. Por enquanto, o processo segue na fase de homologação da rede de equipamentos que ficarão dentro dos ônibus. Além do contador de passageiros, os veículos terão novidades como letreiro interno para indicar a parada em que o ônibus se encontra (e a próxima a ser alcançada), modem para conexão à internet Wi-Fi dos celulares dos usuários e câmeras de monitoramento.
Especificamente, o contador de passageiros vai capturar dados sobre a lotação de cada ônibus, “associando a contagem a localização, data, hora” e prefixo e nome da linha, segundo descrição publicada no documento da SPTrans que especifica as características dos aparelhos a serem instalados nos coletivos. Também será necessário que o contador faça a distinção entre adultos e crianças e não confunda pessoas e objetos.
Ajuda
Após a coleta, feita sempre que as portas de entrada e saída estiverem abertas, as informações serão repassadas ao Centro de Controle Operacional (CCO) da SPTrans, que, em caso de superlotação, enviará “outro veículo para atender o ponto em questão”, informou a gerenciadora por meio de nota.
O secretário municipal dos Transportes, Jilmar Tatto, afirmou em entrevista no fim de junho que o aparelho também poderá ajudar diretamente os próprios passageiros que aguardam nos pontos. “Hoje, nós temos a informação da quantidade de passageiros que entram no ônibus. Mas o problema é o horário da saída.”
Para a aposentada Maria José Rafael, de 57 anos, a tecnologia poderá ajudar. “Porque do jeito que está, principalmente de manhã, quando fica tudo lotado, as pessoas ficam muito estressadas.” Já o ajudante Tarcísio de Jesus Pena, de 18 anos, crê que nem o aplicativo facilitará a vida dos passageiros. “Não vai dar para ficar esperando passar um ônibus menos cheio no ponto. E quem acorda atrasado?”
Horácio Augusto Figueira, engenheiro especializado em Transportes pela USP, entende que o mecanismo só terá eficácia se os ônibus superlotados puderem deixar de atender mais passageiros. “Teria de ter um aviso para o painel eletrônico externo, informando que a capacidade está esgotada.” A SPTrans não informou custos para a adoção dos aparelhos, nem se serão bancados diretamente pelas empresas e cooperativas que operam o sistema.
Matéria originalmente publicada no jornal O Estado de S. Paulo